Manolita
Correia Lima
83
julho
/
agosto
d e
2 0 0 6 – Revista da ESPM
possível de estudantes pagantes,
como qualquer outra mercadoria.
No entanto, da forma que vem
ocorrendo, o termo globalização
parece inadequado, já que sua
dinâmica tem excluído extensas
regiões do globo (BROUILLETTE&
FORTIN, 2004).
Dados divulgados pela OCDE per-
mitem afirmar que atualmente os
países transitam entre a internacio-
nalização e a globalização da edu-
cação: enquantoosEstadosUnidos,
Reino Unido, Nova Zelândia e
Austrália, por exemplo, exploram a
educação como negócio próspero
porque é rentável; na Alemanha,
França, Itália e Suécia, entre outros,
existe alguma resistência acerca da
exploraçãodaeducaçãocomonegó-
cio.Osdados reunidosnoquadro1
ilustramoque foi sinalizado.
Quemganhacom
aglobalização
da educação
superior?
A comercialização dos serviços
educacionaisépercebida tantopelo
montante de dinheiro envolvido,
quantopela importânciaqueexerce
na economia de diversos países
desenvolvidos. Há pouco mais de
dez anos (1995), omercado global
deeducação superior foi calculado
em US$ 27 bilhões (DIAS, 2002).
Dados do IEU (
.
org) revelamquede1999a2004, a
mobilidadedeestudantes seelevou
em 41%, passando de 1,75 a 2,5
milhões de estudantes; muito
provavelmente, nestemeio tempo,
os US$ 27 bilhões sofreram sig-
nificativa progressão! Nos países
da OCDE, o setor educacional
conquistouo3º lugar napautadas
exportações de serviços, alcançou
o 5º lugar nas exportações ameri-
canas, representa o 4º produto
de exportação da Austrália e da
Nova Zelândia (BROUILLETTE
& FORTIN, 2004). Projeções
realizadas pelo Banco Meryll
Lynch (apud GOGGIOLA, 2001)
estimam que o número de jovens
que realizaráos estudos superiores
no mundo se elevará para cerca
de 160 milhões, em 2025. Neste
quadro de referência é possível
imaginar o meganegócio que
a educação pode representar,
caso haja a desregulamentação
do setor – como é o desejo dos
EUA, Austrália, Nova Zelândia e
Japão, expresso em comunicados
endereçados para a OMC.
OsdadosdivulgadospelaUNESCO
e pela OCDE revelam que a mo-
bilidade é crescente em todos
os continentes. Entretanto, os
destinos escolhidos pela esmaga-
dora maioria dos estudantes con-
vergem para países da Europa
e EUA: em 2005, os países que
atraíam o maior contingente de
estudantes foram EUA (582.996),
ReinoUnido (227.273), Alemanha
(240.619), França (221.567) e
Austrália (179.619). Tanto os EUA
quanto a Austrália captam estu-
dantes oriundos de todos os conti-
nentes, inobstante, prevalecem os
deorigemasiática (EUA=364.410
e Austrália = 119.737, em 2005).
Isto ajuda a explicar a influência
que o modelo americano exerce
sobre a estruturação do sistema
educacional asiático. O Reino
Unido e a Alemanha também re-
cebem estudantes dos diversos
continentes, porém, prevalecem
Mensalidade escolarcobrada
pelasuniversidades públicas aos
estudantesnacionais e estrangeiros
Quadro 1
Taxasdeescolaridade
País
Pratica-semensalidade escolar
mais
elevada
paraestudantesestrangeiros
do que para os estudantes nativos.
Pratica-se a
mesma mensalidade
escolar
para estudantes estrangeiros
e nativos.
Não há cobrança demensalidade
escolar
para estudantes estrangeiros
e nativos.
Aus rália, Áus ria*, Bélgica*,
Canadá, Irlanda*, Nova Zelân-
dia, República Eslovaca; Suíça*,
Reino Unido*, Es ados Unidos.
França, Grécia, Hungria, Islândia,
I ália, Japão, Coréia, Países Baixos,
Por ugal, Espanha.
RepúblicaTcheca,Dinamarca,
Finlândia,Alemanha, Polônia,
Suécia.
Fonte: OCDE (apud LARSEN&VICENT-LANCRIN, 2002, p.6).
Nota: *A taxa de escolaridade émais elevada para estudantes
originários de países que não pertencem àUnião Européia e ao Espaço
Econômico Europeu.