Odesafio deObama:
BarackObama foi eleitopresidentedosEstados
Unidos.
Adespeitodaspoucaschancesqueapresentava
quando lançou sua candidaturadepré-candidatodo
partidoDemocrataedasconcorridaseleiçõesqueteve
tantonasprimárias, comHilaryClinton, quantonas
eleições propriamente ditas, com JohnMcCain, foi
eleito.Apósoresultado,muitodofocodasanálisesfoi
alteradoparaaquestãodosucessodademocracianorte-
americana,capazdeelegerumnegro.Noentanto,algo
aindamaisimportantenaperspectivamundialésaber
seObama conseguiráatender a todas as expectativas
quesecriaramemtornodeseugoverno.
Obama foi eleito, em grande medida, por conta
do apoio que teve das classes médias e urbanas,
que estão imersas em uma crise econômica e vi-
venciam, pelo menos nos últimos 10 anos, uma
perda contínuade sua capacidade de
gastos.Nestesentido,opresidente
Obama deverá ser capaz de
reverter o quadro e oferecer
novas oportunidades para
essas pessoas. Os possí-
veis caminhos são a rees-
truturação da economia
norte-americanaouprote-
cionismomais forte, espe-
cialmenteaqueledisfarçado
sobquestões ambientais ou
trabalhistas. Enquanto este
último alcançará retornos no
curto-prazo, semostra insustentá-
vel nomédio-prazo; já a reestruturação pode vir a
alcançarbonsresultadosnomédio-prazo,masserão
decepcionantesno curto-prazo.
Restará saber qual dos caminhos Obama seguirá,
ainda que qualquer que seja o caminho, ele será
seguido commuita força já que onovopresidente
terámaiorianaCâmaradosDeputadosenoSenado,
oquefavoreceaaprovaçãodeprojetosepacotesque
levema seusobjetivos.
Por outro lado, na perspectiva internacional Obama
tambémterádeenfrentarumconjuntodeexpectativas
quenão será fácil.Acrisefinanceirade2008, que teve
seuepicentronosEstadosUnidos, fezcomqueoresto
domundovoltasseavernosEUAumaresponsabilidade
mundialqueestesjánãomaisdefendiamtãoardorosa-
mente.Enãobastandoacrisefinanceira,hátambéma
crisemoral,tãobemexpressanacrisemoraldosistema
internacionalcontemporâneo.
DuranteosgovernosGeorgeW.Bush, osEUAperde-
rampartede sua capacidadede liderançano sentido
deguardiõesdosmais importantesvaloresuniversais.
A recusa na ratificação do Protocolo deQuioto e as
bases deGuantánamo são apenas dois exemplos da
incapacidade de sustentação de um discurso ético
maisconsistenteporpartedosEUA.Aessesexemplos
somam-seduas intervenções/invasões que aindanão
têmumdesfechoclaro:Afeganistãoe Iraque.
Vários governantes jádeclaramque esperamum go-
vernomuitomaismultilateral eaderenteaosgrandes
regimesinternacionais.Dentreoutros,oprópriopresi-
denteLuladeclarousuapreferênciaporObamaainda
noprocessoeleitoral e, umavezeleeleito, fezdiversas
declarações no sentidode esperar uma atuaçãomais
“universalista” por parte de Obama. Amaior parte
dasexpectativasvainosentidodeosEUAassumirem
umpapelde liderançacolaborativa, capazdegarantir
aobservânciadosvaloresuniversaisaomesmotempo
emquedeverãoassumiramaiorpartedoscustospara
fazercomqueomundoseestabilizenovamente.
A questão que fica para 2009 é saber se Obama
conseguirá atender a esse nível de expectativas, es-
pecialmente quando os desafios internacionais são
muitos e, aparentemente, contrários a um exercício
maismultilateralistae“universalista”.Talvezomaior
desafiosejaaemergênciadepotênciascomumpoder
cadavezmaioreque,nomédio-prazo, sãocapazesde
ameaçaraordem internacional criadapelosEUAem
BrettonWoods,nopós-SegundaGuerraMundial.Esse
éclaramenteocasodaChinae,emmenormedida,da
RússiaedaÍndia.Na impossibilidadedeembatemili-
tarentreosEUAequalquerumdessesEstadosfaceaos
impactosdestruidoresedesestabilizadoresmundiais,a
grandearmaquerestaaosnorte-americanoséseupeso
comercial.Aquestãoéqueestaarmaestaráaltamente
limitadapelasconjunturasdomésticas.
Destaforma,caberáaObamamedirasconsequências
desuasaçõeseprojetoseverquaistrarãoosmelhores
resultados. Duas coisas já são certas:
(1)
enquanto
alguns ficarão satisfeitos,muitos ficarão insatisfeitos
e
(2)
ficar parado será certamente pior do que fazer
apenasparaalguns.Ograndedesafio será saberficar
na listadosbeneficiados.
rodrigocintra
ProfessordocursodeRelações InternacionaisdaESPMediretorda
FocusR. I. −Assessoria&ConsultoriaemRelações Internacionais.
Naperspectiva
internacionalObama
também teráde
enfrentar um conjunto
de expectativas que
não será fácil.
como gerenciar expectativas
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