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Revista daESPM – Setembro/Outubro de 2002
“Éprecisoquehaja
umsistemade
educaçãoque
estimuleaspessoas
apensaresabera
diferençaentreo
lixoeobom.”
JR–Gostariade inserirumaques-
tão, que tem a ver com uma pes-
quisa que a Escola realizou com
líderes de opinião, profissionais
liberais. Elesparecem ter umavi-
sãobemclaradoqueéumpubli-
citário,masnão têmamenor idéia
doquesejaumanuncianteouum
veículo.Comoéquevocêvê isso?
RC – Não sei se é importante que
tenham essa visão. Por que preci-
sam saber o que é um anunciante,
umveículo?Eusei oqueé, tecnica-
mente, um veículo. Mas estou pen-
sando no público em geral, os 20%
dos brasileiros que lêem jornais e
revistas e os 98% que assistem à
televisão ou ouvem rádio. Eles sa-
bemoqueéumveículo.Podemnão
estarpensandonaquilocomoveícu-
lo, mas sabem o que é, sabem que
estão vendo televisão, ouvindo rá-
dio, lendo jornal, revista.
FG – Esse dado da pesquisa, eu
interpreto da seguinte forma.
Para esses líderes de opinião,
tudo o que a propaganda tem de
bomou ruimseriaculpaouméri-
todopublicitário, daagência.No
nosso ramo profissional, temos
uma consciência clara do que é
uma agência de propaganda, do
que é um publicitário. Mas eles
não associam omérito ou culpa
à figura do anunciante e muito
menos à do veículo. Isso, para a
propaganda, não é bom, ela aca-
ba, porexemplo, sendopenaliza-
da, por não defender causas de
interesse social.
JR – Isso ficou claronas respos-
tas.
RC –Mas esperem aí. Estamos fa-
lando de uma pesquisa feita com
quem, com que metodologia. Eu
apostocomvocês–maisumavez–
que97,4%dopúblicobrasileironão
têm amenor idéia que exista agên-
ciadepublicidade. E98,9%nãoes-
tão preocupados com publicidade.
JR–Estamos falandodeumapes-
quisa de profundidade, feita com
35pessoasdeseteáreasdeativi-
dadesdiferentes.
RC –Que áreas?
JR –Médicos, advogados, políti-
cos.
RC–Ok.Multiplicadoresdeopinião.
Então, estamos mudando de
enfoque. Quem está preocupado
com o que eles acham disso?
JR – Os publicitários, por exem-
plo. Elesestãopreocupadoscom
as leis, que se multiplicam no
CongressoNacional, criando res-
triçõesàpropaganda–propagan-
da para crianças, propaganda de
bebidas alcoólicas. Quase toda
semana, um deputado aparece
com uma lei cerceando de algu-
ma maneira a propaganda. Eles
devem achar que, com isso, vão,
pelomenos, ganhar votos.
RC–Paraesse tipodecoisaépreciso
não apenas que esse público
multiplicador,mas o legislativoeo ju-
diciárioentendammelhor oprocesso,
sem dúvida. Aí, sim, há trabalho de
educação,deesclarecimento,dedivul-
gaçãoafazer.Surgeumdeputadocom
umanovaebrilhante idéiade “vamos
acabarcom isso,vamosproibiraquilo”
eosquesãoafetadossaemcorrendo,
para fazer
lobby
.Nãose fazum traba-
lhopreventivo,educativoerotineirode
manutenção.Eserianecessárioexpli-
car comoéque funcionamas coisas,
oqueéoCONAR, comoéqueapro-
fissãoseauto-regulamenta. Enfim,um
trabalhoquenãoestásendo feito jun-