Artur
DaTavola
19
S E T EMB RO
/
OU T UBRO
DE
2005 –REV I STA DA ESPM
tendênciaacrernatranscendência.Sou
umapessoaque recomeçouavida–
outro dia eu contei – sete vezes.
Comecei quandome formei, quando
me elegi deputado era um outro
mundo; quando fui para o exílio era
umoutrouniverso,quandovolteipara
oBrasilhouveoAI-5eeu tivedecriar
oArturdaTávolaparapodertrabalhar.
Fuiparaacomunicaçãoem televisão,
publiqueilivrosdecrônicas,livrosque
venderam.Depoismecandidatei,teve
genteque ficoucomraiva“porqueeu
largueiissoparamecandidatar”.Uma
senhora abordou-me um dia,
reclamando por que eu parara de
escrever. Fiquei na política dezesseis
anos,depois,aossessentaeseteanos,
em2002,perdiaeleiçãoerecomecei
outra vez. Todo dia demanhã – eu
durmomuito tarde–acordoeminha
vontadeéficarnacama.Mastenhode
trabalharparasobreviver,entãofaço
free
lancer
hojeemdia: façoprogramasna
TVCultura, na TV Senado, na Rádio
MEC,ondesoufuncionário,tenhouma
pequenaaposentadoriadoMinistério,
demileoitocentosreais,eescrevopara
ODia
.Edevezemquando–comoeu
diziaantigamente -, eu “escrevopara
fora”.Estou terminandodois livros.
JR
–Comoquem lavapara fora–uma
belíssima definição da profissão de
escritor.
ARTUR
–Aí équevemo ladoesqui-
zóide, sou dispersivo e, ao mesmo
tempo,plural.Damesmamaneira,eu
vou de Brahms a Chitãozinho e
Chororó, a Cascatinha e Inhana, a
Beethoven – eu não qualifico essas
coisas.E,aomesmo tempo,atrapalha,
porque as pessoas apreciam o signo
aparente dooutro, demaneira clara,
ficamais fácil.
JR
–Comoetiquetas,nãoé?
ARTUR
–Nomeu caso, não dá. Fui
umacriançaquieta,meiotristonha,fui
um homem inquieto e angustiado, e
agorasouumvelhofeliz.Quantomais
idade tenho,mais felizme sinto - em
que pesem as angústias naturais da
idade.
JR
–A última pergunta, para a nossa
RevistadaESPM
:vocêmarcouahistória
com tantacoisa...
ARTUR
–Não cheguei amarcar, fui
marcadopelahistória.
extremariquezaparamim,porque foi
operíododaminha formaçãoemque
li mais, sem nunca ter sido um
especialistaempropaganda.
JR
–“Quem sabe faz,quemnão sabe
ensina”,aíaprende...
ARTUR
–Éverdade.Nos programas
de rádioque façoéondeeuaprendo
música.MasoCidPachecofaziaparte
do grupo, o Arthur, o Celso Japiassu
dava aulas lá. Lembro-me de que fui
atéparaninfodeuma turma, deonde
saíram publicitários como o Valdir
Siqueira,que foimeualuno –sempre
eleganteemeiodistante–masprestava
muita atenção nas coisas. E algumas
outraspessoas,dequem,agora,nãome
lembro;unsforamparaapublicidade,
eoutrosnão. Esseperíodo,paramim,
foi importante porque li muito sobre
propaganda.Tenhoumfilhoqueéator,
mas a vida de ator é difícil. E há
peródos longos de inatividade.
Nesses períodos de inatividade,
especializou-seemcomerciaisdeTV,
na Conspiração Filmes, como
assistentededireção.Umdosmeus
filhos é dirigente da Conspiração,
mas este é ator, trabalha como
free
lancer
, já foiassistentedoBreno,que
fez esse filme
Dois Filhos de
Francisco
;participoudeumanovela
doGilbertoBragahápouco tempo.
Mas também está interessado no
mundo da propaganda. Posso ter
divergências ideológicas com o
universodapropaganda,mas tenho
uma enorme admiração intelectual
porela,pelapoesiadequeécapaz,
pela síntese, pela criatividade, e
mais, se a gente olhar pelo ângulo
econômico, ela é um acicate
absolutamente indispensável ao
progressoeconômicodopaís.
“A INTERNET ÉA
VITÓRIA DO
ANARQUIMO.”
JR
–Mas,semdúvida,vocêcontribuiu
muito. Faleumpoucoda sua ligação
comaESPM,comoocorreu?
ARTUR
– Foi por volta de 1974. Eu
trabalhava na primeira empresa de
videocassete que se fez no Brasil,
chamadaLíderVídeo,queestavamuito
à frentedo seu tempo epor issonão
prosperou. Eu havia trabalhado na
televisãodoChile,eoArthurBernstein
me convidou para ser professor de
ProduçãodeTelevisão.ComoaLíder
Vídeotinhaestúdio,eulevavaosalunos
lá,pude fazeros trabalhos. Fiqueiuns
dois a três anos, depois não me
chamarammais. Foi um período de
ES
PM