julho/agostode2013|
RevistadaESPM
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Arnaldo
— Como o Bradesco está se
adaptando a essa mudança de cultura
geracional?
André
— O Bradesco sempre teve
canais e procurou ouvir os colabo-
radores. Mas as próprias pessoas,
os gestores, estão mais preparados
para isso. Talvez em gerações ante-
riores o poder da hierarquia pesava
mais. Isso muda com o tempo. É
algo que acontece dentro de casa,
da própria relação das pessoas com
seus filhos.
Arnaldo
— Qual é a política para
quem deseja fazer algum tipo de
educação continuada, como uma
pós-graduação ou um MBA, fora do
banco?
André
— Sempre oferecemos essa
oportunidade e estudamos caso
a caso. Existem a lgumas regras
básicas, como ter cer to tempo
de casa. O programa de MBA ou
especia lização deve ter a lguma
afinidade com o que a pessoa faz
dentro do banco. Sempre apoia-
mos com patrocínio integral. Al-
guns cursos são oferecidos por
universidades, e temos várias par-
cerias. Há muitos programas que
são montados pa ra o Bradesco,
principalmente MBAs. A maioria
é voltada para o setor bancário,
porque existe essa falta de capaci-
tação específica.
Arnaldo
— Há algum tipo de con-
curso de vagas para pós-graduação
e MBA?
André
— Não fazemos concurso,
é algo eletivo. Nós já temos mais
de 2,5 mil funcionários formados
em MBA e programas específicos.
Só cursos desenhados por un i-
versidades para o banco já foram
75. Temos feito programas com a
FGV, o Insper, a USP e a própria
ESPM. Trabalhamos também com
a Fipe, o Ibmec e a Fundação Dom
Cabral. Recentemente, passamos
a investir em programas que en-
viam executivos ao exterior. São
cursos de altíssima intensidade,
por períodos de três a seis meses,
nas mel hores un iversidades do
mundo, para que, enfim, esteja-
mos bem preparados para todo o
processo sucessório necessário da
companhia.
Arna ldo
— O Bradesco ainda é
essencialmente uma empresa bra-
sileira. Multinacionais já têm feito
programas de trainees trazendo
gente de fora e vice-versa. Isso é
uma realidade distante ainda para
o banco?
André
— Nós não fazemos varejo
no exterior, mas temos operações
em vários países. O Bradesco é es-
sencialmente um banco brasilei-
ro. O que já estudamos, mas ainda
não avançou muito, foi oferecer
um estágio, um programa tempo-
rário para estudantes no exterior,
como parte da formação deles. É
algo que está longe ainda da nossa
realidade.
Arnaldo
— No mundo corporativo,
cada vez mais a formação passa por
uma fase prática de trabalho, outra
carga teórica, assim por diante.
Como o banco enxerga isso na dinâ-
mica do dia a dia?
André
— Isso é fundamental. Você
não para de aprender. Ainda mais
agora, se parar, a pessoa fica ultra-
passada num curto espaço de tem-
po. Temos muita preocupação com
isso, como é o caso do programa
para executivos. Tirar um profissio-
nal do banco por cinco, seis meses e
levá-lo ao exterior para reaprender
uma série de fundamentos é im-
portante para que ele alcance outro
nível na carreira.
Arnaldo
— É mais difícil colocar os
profissionais mais antigos de volta à
sala de aula?
André
— Não sinto isso. Temos
programas de executivos na faixa
dos 40, 50 anos de idade. E o que
se vê é justamente o contrário. A
pessoa vai com muito entusiasmo
para a sala de aula, porque sabe
que aquilo será importante para
a sua carreira. Sabe que as visões
que irá estabelecer a partir daque-
la formação serão essenciais para
a continuidade de seu desenvol-
vimento, de seu crescimento pro-
fissional. Atualização constante é
fundamental.
Tirar um profissional do banco por cinco,
seis meses e levá-lo ao exterior para reaprender
uma série de fundamentos é importante para
que ele alcance outro nível na carreira