Revista ESPM - jul-ago - Revolução Silenciosa - educação executiva como vantagem estratégica das empresas - page 108

Pensamento estratégico
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Revista da ESPM
| julho/agostode 2013
O
s equívocos por concepções errôneas do
papel pedagógico da escola têmefeitos irre-
versíveisna formaçãodocaráterdosalunos.
Aescolacomplementaafamílianadinâmica
educacional. Ambas as instituições fundamentamo pro-
cesso de desenvolvimento pleno do ser humano. Émuito
comumconfundir ensinocomeducação. Advêmdaí inter-
pretações epráticas errôneas. Fala-se, semconsciênciado
mal, deumaescolaqueensina,masnãoeduca. Foca-sena
qualidade tecnológica, eminstalações,métodos, didáticas
eformaçãoprofissional,enquantosãonegligenciadosvalo-
resmaiores, comoadefesadavida, aartedaconvivência, a
solidariedade, osentidodeequipe, aética, aoportunidade
de descobrir a própria vocação e ser feliz.
Aênfasenomercadoeasexigênciasnaformaçãodepro-
fissionais tendema transformar oalunoemum“produto”,
segundoconcepçãodoensinopararepetição,queocoisifica.
Noentanto, háaí umchoquedeculturas: a lógicadaeduca-
ção é a solidariedade; a lógica domercado é a competição.
A escola tem o papel de promover mudanças signifi-
cativas na vida de quem adquire novos conhecimentos.
A aprendizagemnão é algo que se recebe passivamente,
mas traz em si uma dinâmica transformadora. A escola
nãoéuma fôrma, éuma alavanca. Quema limita aopapel
de repetidoraadeforma.Quemadefendecomoorganismo
vivoadesenvolve, alarga a visão, aprende e estudapara se
qualificar para a vida (conviver) e para o trabalho (servir).
Ao examinar a escola, em todos os graus
do ensino
fundamental, médio e universitário aos cursos profis-
sionalizantes e à educação continuada
, é imprescindí-
vel destacar alguns indicadores essenciais. O primeiro
deles aponta para o fato de a escola ser umcentro de edu-
cação. Já o ensino é ummeio e um recurso educacional.
É comumocorrer a distorção dos conceitos de educação,
escolaridade e ensino quando, numa ótica mecanicista,
alfabetizar, instruireprofissionalizar sãotratadosnochão
de uma realidade sem a dimensão dos valores maiores,
que são considerados alheios ao conteúdo. No entanto, a
arte de conviver, harmonizar as diversidades, estimular
o diálogo e incentivar a amizade é a essênciamotivadora
da aprendizagem. Evidentemente, esses conceitos não se
materializamtãosomenteatravésdeumadidática formal.
Aescolaquepensa formardeforma. Seuconceitoédinâ-
micoenãoestático.Suafunçãoédesenvolveropotencialde
liderançaqueexisteemtodoserhumano. Para tanto, deve
tornar-seumacomunidadevivencialdeaprendizagemelide-
rança, traduzindo o conceito de que ser líder é ser líder de
líderes.Todostêmcondiçõesdeexercerinfluêncianacons-
truçãodobemcoletivo: dirigentes, professores, orientado-
res,auxiliares,alunosepais.Aintegraçãosistêmicadesses
personagensnocontextopedagógico-organizacional faza
diferençanadinâmicadaaprendizagemenos resultados.
Umaquestãocrítica, tantonas organizações quantona
escola, éa fragmentaçãodopoder.Nocasodaorganização
escolar, a liderança é dispersa em ilhas que formam um
arquipélagoorganizacional,ondecadaumcumpreseupapel,
conforme cada disciplina, semse preocupar como todo.
Na linhadecultura institucional, sãoosvaloresconsen-
suais
aceitosportodoscomoverdadescomuns
queinte-
gramefetivamente lideranças e liderados. As tecnologias
educacionais apenas instrumentama ação pedagógica.
Aquela professora pobre do interior, que reúne crian-
ças ao chão, em torno de uma lousa improvisada, sob a
árvore, interagindo por meio de jogos educativos, cer-
tamente realiza um ensino precário, mas, nas circuns-
tâncias, uma ótima vivência educacional, transmitindo
valores, tanto ou mais do que letras e números.
A escola pode ser umagente transformador, na linha
da expansão do ser e do saber. Na escola o aluno aprende
a pensar. Essa é a sua função essencial: desenvolver a
inteligência reflexiva. Logo, uma instituição de ensino
precisa ser um centro de desenvolvimento de pensado-
res. Em recente debate na televisão, assistimos a edu-
cadores tentando definir a concepção de “escola ideal”,
focando-a na linha demétodos e tecnologias de ensino,
como quem tem apenas por missão “entregar um pro-
duto”, o conhecimento.
Aescolaidealdesenvolvepensadores
comvisãocrítica
demundo e da realidade, distante e próxima
, estimula
uma cultura da integração e cria as condições psicosso-
ciais e organizacionais para a intercomunicação e siner-
gia de todos os agentes envolvidos no processo educacio-
nal. Para ser ideal, essa escola precisa tambémpraticar o
amor e ter a solidariedadecomobasedo relacionamentoe
Ter uma escola ideal significa
desenvolver o conceito líder
de líderes: todos influem
e são influenciados
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