Pesquisa
Revista da ESPM
|maio/junhode 2013
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passou a admirar o agronegócio e considera o agricultor
como uma das cinco funções socioeconômicas mais
importantes para a sua vida. A partir dessa análise, as
novas lideranças do agronegócio precisarão calibrar,
diferentemente, o estilo e o nível da comunicação com
a sociedade, sabedores da estima existente nas percep-
ções populares. E precisarão cuidar de formamuitomais
profissional de questões como meio ambiente, uso da
água, e valorização da origem dos alimentos nas nego-
ciações com as agroindústrias e o varejo de alimentos,
bebidas e derivados do campo.
Aos profissionais de marketing no “antes da porteira
das fazendas” (insumos, máquinas, produtos veteri-
nários, serviços e distribuição voltados ao produtor
rural), a pesquisa indica que será exigido cada vez mais
o entendimento das cadeias de valor e compreensão da
segmentação dos produtores rurais não somente por tec-
nologia, porte e culturas, mas tambémpor vínculosmais
ou menos formalizados com os agentes do pós-porteira
das fazendas, ou seja, os seus clientes. O agronegócio
será cada vez mais resultado da qualidade e das exigên-
cias das demandas derivadas pela sociedade urbana.
Ao governo caberá compreender que a população
urbana — que decide o voto — guarda pelo agronegócio
consideração e respeito pelo aspecto econômico e pela
geração de alimentos. Essa estima existe e pode ser am-
pliada. Mas o descuido com a infraestrutura, o desacerto
de políticas burocráticas e tributárias e a ausência de
planejamento agrícola podem vir a causar pontos ne-
gativos na avaliação do Legislativo e do Executivo. Vale
ainda apontar que a categoria profissional considerada
nesta pesquisa, como a menos importante entre todas,
foi exatamente a dos “políticos”.
E, finalmente, fica aberto um cenário muito mais
amplo para estudantes, professores e para a educação ao
longo da cadeia de valor do agronegócio. As profissões
são cada vez mais possibilitadas pelo avanço das tec-
nologias, como as análises sensoriais de alimentos, por
exemplo, nas áreas de sustentabilidade. Também são be-
neficiados nutricionistas, meteorologistas e mesmo as
profissões relacionadas às ciências sociais e humanas.
Nesse cenário, evidencia-se a necessidade de gestores
de marketing contemporâneos atuando no pós, no meio
e no “antes” das porteiras das fazendas, sem esquecer o
quarto elo, o “além das porteiras”, as ONGs, associação
de defesa de consumidores, de bem-estar animal, mí-