maio/junhode2013|
RevistadaESPM
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latinstock
Entrenafila
Querfazer
partedogrupo?
Fazemosmuitos sacrifícios para consumir
determinado produto ou serviço. A ideia
parece absurda, porémé real. Mas o que
justificaria tanto esforço?
Por Karin Ligia Brondino Pompeo
E
m maio de 2011, a marca americana de roupas
Abercrombie
&
Fitch abriu sua primeira loja
em Paris. O endereço foi escolhido a dedo: um
belo imóvel antigo no número 23 da avenida
Champs-Élysées, alugado por 3 milhões de euros por ano,
segundo valor estimado pelos jornais franceses. As roupas,
osvendedoressensuais, amúsicadebaladaemvolumealto,
a luzbaixaeoperfumedoambienteseespalhampor quatro
andares. Para a inauguração, a marca recrutou 101 rapazes
em excelente forma e torso nu para enfeitar a fachada.
No dia da abertura, uma reportagemdo jornal
Le Figaro
registrou o fato de que uma fila com aproximadamente
500 pessoas — a maioria adolescentes e jovens de 20 anos
que cabularam a aula para estar ali — se formou em frente
à loja. E essa fila não se limitou ao dia da inauguração — ela
tem sido uma constante no novo endereço, o que muda é
apenas o seu tamanho. Embora alguns digamque essa fila
é desnecessária, pois o interior da loja está sempre vazio, o
fatoéqueaspessoasficamhorasesperandopacientemente
e em condições climáticas nem sempre favoráveis a sua
sagrada vez de comprar camisetas.
MasofenômenonãoestárestritoàFrança:quemserelacio-
na compessoas dessa faixa etária — e provenientes de famí-
liasdebompoder aquisitivo—aquimesmonoBrasil sempre
vê amarca estampada emcamisetas e blusas demoletom.
Poisparecequeo fascínioque amarca exerce sobre ame-
ninada encontra uma força igual e contrária entre o público
umpoucomaismaduro.Umexcelenteblogpublicouumafoto
da fila na porta da loja em uma postagem e foi o suficiente
foto
:
karin
ligia brondino pompeo