Revista ESPM - março-abril - Empreendedorismo. O grande sonho brasileiro. - page 98

entrevista | Flávio Jansen
Revista da ESPM
|março/abril de 2013
98
Jansen –
Um amigo meu, que se
chama Alexandre Behring [princi-
pal executivo da 3G Capital, de Jorge
Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto
Sicupira, responsável pela aquisi-
ção do Burger King, em 2010], me
ajudou bastante. Ele era presidente
da ALL [maior empresa de logística
da América Latina e maior compa-
nhia ferroviária do Brasil].
Alexandre –
Em que momento da sua
trajetória você se sentiu mais dono do
negócio?
Jansen –
Eu me sentia dono do negó-
cio desde o primeiro dia. Isso depende
de postura.
Alexandre –
Então, não faz diferença,
para você, o cargo que ocupa e a situa-
ção acionária?
Jansen –
O CEO, de certa maneira, é
menos dono do que os diretores. Por-
que acaba tendo que contemporizar.
Não deve querer ter muita opinião, se-
não não sobra espaço para ninguém.
Alexandre –
Depende do estilo do
CEO e da empresa, não?
Jansen –
Talvez, mas normalmente
é melhor você abrir espaço. Se não, as
pessoas vão embora. E o controlador,
quando vai desenvolvendo essa habi-
lidade [de abrir espaço], intervémme-
nos ainda. Você temo poder acionário
para usar quando é necessário. Mas,
na maior parte das vezes, você abdica
de usá-lo.
Alexandre –
O que lhe motiva nesta
experiência que você está começando na
Locaweb?
Jansen –
Eu gosto da vida executiva.
De certa forma, sentia falta dela. Ou-
tra coisa é que eu gosto desta empresa,
que tem uma história muito legal.
Gosto dos controladores. Gosto dos
diretores. É umambiente agradável. O
terceiro ponto é que a Locaweb é uma
empresa que lhe dá uma capacidade
de inovar, de empreender e de criar
coisas novas dentro da própria com-
panhia, que já considero riquíssima.
Alexandre –
Esta é a lógica do intra-
empreendedorismo, a ideia de que você
não precisa ser dono, controlador, para
empreender. Quanto disso é verdade?
Jansen –
Primeiro, vamos relati-
vizar. Boa parte do trabalho não é
inovação. É rotina e execução. Mas
você tem, numa companhia, várias
situações que caracterizam inova-
ção. Pode ser uma unidade nova de
negócios. Pode ser uma ideia que traz
resultado. Isso não ocorre todo dia,
e depende da necessidade da com-
panhia. Para acontecer, não basta
o discurso. A empresa precisa estar
Oempreendedor precisa ter algumapetite
para risco, capacidade para trabalhar bem
emmais de uma área, gostar de inovação
e de algumnível de incerteza
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