entrevista | Flávio Jansen
Revista da ESPM
|março/abril de 2013
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financeiro ou ter isso como a princi-
pal meta, porque poucos conseguem
atingir esse patamar, e o caminho é
muito difícil. Eu nunca racionalizei
tão bem, mas já senti isso. A pessoa
precisa querer ganhar dinheiro e ter
o seu retorno, mas precisa, também,
sentir paixão pelo negócio.
Alexandre –
Por quê?
Jansen –
Porque, às vezes, ela precisa
tomar decisões que não são necessa-
riamente favoráveis ao objetivo de ser
o próximo Zuckerberg. Você não deve,
simplesmente, querer maximizar o
seu retorno pessoal, porque, provavel-
mente, não será o que vai acontecer.
Alexandre –
Você consegue enumerar
alguns dos principais desafios que a
atual geração de empreendedores vai
enfrentar nos próximos anos?
Jansen –
O que muda [em relação
às gerações anteriores], e fica mais
difícil, é que você vai ter mais con-
corrência. Da mesma forma que, se
a sua ideia é boa, você pega mais
dinheiro, o cara do seu lado pega di-
nheiro também. Então, a concorrên-
cia tende a ser maior, e isso o obriga
a ser mais ágil. Este é o principal de-
safio. Isso é parte do ambiente onde
a geração atual está.
Alexandre –
A barreira de entrada é
mais baixa para todo mundo. Ou seja,
se você conseguir uma vantagem, prova-
velmente vai perdê-la em alguns meses.
Jansen –
Você precisa sempre tentar
obter novas vantagens. Esse
timing
é bem mais duro. As pessoas estão
mais craques em copiar ideias. Você
acha que vai ficar sozinho, mas da-
qui a pouco tem uns dois ou três
olhando para você. O cara precisará
ser mais ágil e ter mais disposição
para enfrentar a concorrência.
Alexandre –
Em uma entrevista recen-
te, você falava das dificuldades de abrir
empresas no Brasil e do nosso sistema
tributário insano. Mas dizia que, apesar
disso, o Brasil, em comparação aos ou-
tros emergentes, tem o melhor ambiente
de negócios. Temmesmo?
Jansen –
A burocracia existe. Mas,
quando se vai fazer algo no México
–
um exemplo que conheço
–
, você tem
outras dificuldades. O ambiente
institucional brasileiro está melhor.
Alexandre –
O que, por exemplo, está
melhor?
Jansen –
Apesar de existir corrupção
no Brasil, você faz negócios aqui sem
precisar passar por essa experiência.
Emoutros lugares, vocênão consegue.
Tem de montar uma engenharia legal.
O país temum ambiente institucional
saudável quando comparado a outros
emergentes. Não é [saudável] quando
comparado com os Estados Unidos,
talvez o lugar com o melhor conjunto
de regras práticas para o empreende-
dor. A gente fala que é tudo ruim, mas
sempre se compara comomelhor.
Alexandre –
Você mencionou que
hoje, no Brasil, há dinheiro para boas
ideias. Tenho ouvido gente da indústria
de fundos de
venture capital
dizendo
que hoje tem mais dinheiro para boas
ideias do que boas ideias ou empresas
prontas para receber investimento. É
assimmesmo?
As pessoas têmde entender bemé que empreender
não significa, necessariamente, criar um
produtonovo. Pode ser umprocessonovo
ouumnegócio estabelecido
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caminharam juntas durante a elaboração do projeto