conhecimento
Revista da ESPM
|março/abril de 2013
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Esses são os requisitos que dão sustentação ao tripé
do empreendedorismo. Tudo isso tem de funcionar
junto, em sinergia. Daí serem imprescindíveis a lide-
rança e a gestão. Sem essas duas ferramentas, o gênio,
o herói e o mártir podem representar a tragédia das
organizações, como individualidades desintegradas,
embora até, pessoalmente, brilhantes. Não se com-
põem em equipe, não formam nem desenvolvem equi-
pes. E acabam gerando o paradoxo: pessoas maduras
em equipes imaturas.
O empreendedor individualista julga-se gênio e até,
em certo sentido, pode ser. Por assumir o risco com
impulsividade e obsessão, sem visão estratégica, é
capaz de erguer um império sujeito a desmoronar-se
numa rajada de crises imprevistas.
Só o gênio, com a sua percepção estratégica, lide-
rança e ação empreendedora, é capaz de transformar
complexidade em simplicidade.
É vital que se reconheça que todos têm potencial
para serem gênios, heróis e mártires, que implicam
atributos da sabedoria
–
produtos da educação.
Pela educação desenvolvem-se a visão diagnóstica
–
percepção e compreensão da realidade
–
e a visão estra-
tégica
–
alternativas claras para decidir com eficácia.
Sabedoria é reconhecer que a verdade apoia-se em
concepções simples, formadoras do quadro mental,
traduzidas em modelos de fácil compreensão e pra-
ticidade. É a isso que chamamos de visão. Perceber o
intangível, através da concretude. Enxergar, no fato, os
seus pressupostos, os princípios que são permanentes.
São as obviedades que o filósofo grego Aristóteles
considerava difíceis de serem percebidas e que o
escritor Nelson Rodrigues gostava de repetir em sua
versão de “óbvio ululante”, verdades só são percebidas
pelo gênio.
Peter Drucker, o pai da administração moderna,
usou esse óbvio não percebido ao configurar a questão
essencial do êxito empresarial nas respostas às duas
perguntinhas básicas:
– Qual é o nosso negócio?
– Quem é o nosso cliente?
Erra terrivelmente quemas subestima. Delas derivam,
naturalmente, desdobramentos, tais como:
– Qual é a conjuntura?
– Quem são nossos concorrentes?
– Quais são os desafios e ameaças relevantes à sociedade?
– Quais são as perspectivas do futuro previsível?
Avançando nessa linha de reflexão estratégica, na dé-
“Oconhecimento era umbemprivado,
associado ao verbo saber. Agora, é um
bempúblico ligado ao verbo fazer”
Peter Drucker
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