Revista ESPM - março-abril - Empreendedorismo. O grande sonho brasileiro. - page 99

março/abrilde2013|
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aberta e necessitar de inovações. A
segunda coisa que as pessoas têm de
entender bem é que empreender não
significa, necessariamente, criar um
produto novo. Pode ser um processo
novo ou uma mudança num negócio
estabelecido, que pode, até, trazer
retorno financeiro para a pessoa
[responsável].
Alexandre –
Isto é o intraempreen-
dedorismo. Você, às vezes, tem quase
uma startup dentro da companhia, e ela
inova de verdade. Por outro lado, muitos
empreendedores que iniciam empresas
do zero falam sobre inovação, mas ino-
vam quase nada.
Jansen –
Algumas copiam.
Alexandre –
Amaioria copia.
Jansen –
Não.
Benchmarking
não é
uma cópia. É você ajustar sua ideia
com algumas iniciativas que já estão
correndo. Para boa parte das coisas,
você faz
benchmarking
.
Alexandre –
Se não fizer
bench-
marking
, é maluco. Mas estou falando
é de simplesmente trazer para o Brasil
cópias de serviços e modelos de negócios
que estouram lá fora.
Jansen –
É o que chamamos de
copycat
.
Alexandre –
A onda dos sites de com-
pras coletivas, por exemplo. O que ela
nos conta sobre inovação de verdade
versus
cópia pura e simples?
Jansen –
No ClickOn [site no qual
Jansen investiu e atuou] teve bas-
tante cópia, mas os caras também
criaram coisas próprias lá dentro,
para dar um exemplo. Teve inovação
dentro do modelo. Mas tem cara que
faz
copycat
mesmo.
Alexandre –
Temos hoje uma onda
de empreendedorismo tecnológico no
Brasil que é mais sólida do que foi a do
primeiro boom da internet. Mas sinto
que há um discurso de inovação que
a realidade não sustenta. Qual a sua
opinião?
Jansen –
Copycat
não é inovação. Mas
também tem o cara que cria coisas do
zero. No Brasil, há mais pessoas ten-
do ideias diferentes [do que copian-
do]. Só que a ideia diferente precisa
de um dinheiro de mais longo prazo,
e essa maturidade por parte do inves-
tidor o Brasil ainda não tem. Então,
esse empreendedor tem mais dificul-
dade de acesso a capital. Mas existe.
Alexandre –
Interessante. Quanto
mais inovador ele é, mais difícil de con-
seguir capital?
Jansen –
No Brasil, por uma questão
de [falta de] maturidade. Nos Estados
Unidos é diferente. Quando a inova-
ção é muito forte, a forma como você
vai ganhar dinheiro não é tão clara.
Por isso, inovação muito forte requer
um capital de prazo um pouco mais
longo. Há muitos exemplos disso, a
começar pelo Google. Você sabe que
vai ganhar dinheiro, e tem métricas
para avaliar o negócio. Os investido-
res por trás dessas empresas estão
longe de ser malucos. Só que o inves-
tidor americano faz isso há 40 anos.
Alexandre –
O risco é maior, o prazo
para o retorno do capital investido tam-
bém, mas a perspectiva de ganho por
trás de um negócio inovador é de outra
grandeza.
Jansen –
Se acertar um modelo de
negócio realmente novo, você tem
uma boa chance de virar uma grande
empresa, porque você, sozinho, pega
ummercado inexplorado.
Alexandre –
OBrasil não temnenhum
case que mereça ser estudado?
Jansen –
Sim. O Romero Rodrigues,
doBuscapé, é exemplo de empreende-
dor inovador.
Alexandre –
Tem outra coisa que inco-
moda na atual geração de empreende-
dores da internet no Brasil. Uma parcela
considerável se espelha nos exemplos de
sucesso por causa do enriquecimento. É
o sujeito que quer ser o próximo Mark
Zuckerberg, não pelo lado empreen-
dedor, mas pelo lado bilionário. Com
base, principalmente, nos seus anos de
investidor-anjo, você diria que isso che-
ga a ser um problema?
Jansen –
Eu diria que não ajuda. Am-
bição é saudável. Mas essa ambição
financeira muito agressiva, não. A
pessoa não deve só querer o retorno
OCEO, de certamaneira, émenos donodo
que os diretores. Porque acaba tendoque
contemporizar. Nãodeve querer termuita
opinião, senãonão sobra espaçoparaninguém
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