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Desafios à modernização

do sistema portuário brasileiro:

a experiência do porto de Santos.

MOACIR DE MIRANDA OLIVEIRA JR.

Mestre e Doutorando em Administração FEA/ USP

esde o início do processo de privatização e

desregulamentação brasileiro iniciado no Governo

Collor - de melancólico final - o sistema portuário

brasileiro tem se constituído talvez no mais

emblemático dos setores quanto à representação

das resistências e dificuldades colocadas rumo à

modernização e eficência necessárias. Alguns

avanços foram realizados no curto mandato do

Presidente Itamar Franco e neste-primeiro ano do

Governo Fernando Henrique Cardoso, mas são

grandes os desafios a serem superados até que o

sistema portuário brasileiro possa atender às

demandas que são colocadas frente às novas bases

da competitividade impostas pela globalização.

A discussão sobre a importância dos portos

no desenvolvimento econômico brasileiro, e qual o

caminho que a reforma portuária deveria tomar, foi

objeto de pesado jogo de forças políticas e ocupou

significativo espaço na mídia nos últimos anos,

principalmente até a promulgação da Lei 8.630/93,

conhecida como Nova Lei dos Portos. O objetivo

desta pesquisa foi contribuir para o esclarecimento

acerca de alguns aspectos polêmicos quanto à

modernização do sistema portuário brasileiro.

Os resultados desta pesquisa apontam

importantes desafios a serem superados quanto às

relações de trabalho e gestão de recursos humanos;

quanto à inadequação da tecnologia e dos

equipamentos utilizados nas operações portuárias;

e quanto à indefinição do modelo de gestão portuário

que articula Estado e capital privado após a

promulgação da Lei 8.630/93.

Foi definida para esta pesquisa a forma de

um estudo de caso. A opção pelo Porto de Santos

se deu por ser o mais representativo, devido ao fato

de ser isoladamente o porto com maior tonelagem

movimentada (excluídos granéis líquidos), e por onde

circula o maior volume de divisas referente à

exportação e importação.

Outro fator que determinou a escolha do porto

de Santos é que ele pode ser definido como porto

universal

1

, uma vez que realiza a maior parte das

funções atribuídas a um embarcadouro deste tipo.

O Porto de Santos

A Companhia Docas do Estado de São Paulo

é uma sociedade de economia mista, de capital

autorizado, vinculada ao Ministério dos Transportes,

regendo-se pela legislação relativa às sociedades

por açõe s

2

, que tem por objetivo realizar a

administração e a exploração comercial do Porto

de Santos e demais instalações do Estado de São

Paulo.

O Porto de Santos conta hoje com 11.600m

de cais acostável, com profundidade entre 6,6 e

13,5m, pertencentes à CODESP. Além disso,

existem mais 1.413m de cais, com profundidades

entre 5,0 e 11,0m, de uso privativo.

O Porto possui 11 berços de atracação, 78

armazéns, com capacidade total de armazenagem

de 1.200.000t, podendo ainda ser estocadas em

pátios e galpões 400.000t.

O Porto de Santos é o maior da América

Latina. Em 1992 movimentou 28,5 milhões de

toneladas, sendo que 70% desta tonelagem pelo cais

da CODESP, e os demais 30% pelos terminais de

uso privativo da COSIPA (produtos siderúrgicos e

seus insumos), DOW QUÍMICA (produtos

químicos), ULTRAFÉRTIL fertilizantes e matérias