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Encantamento ou hipnotismo?

Uma visão crítica dos programas e

serviços de atendimento das

necessidades e da satisfação de clientes

PAULO E. C. FARAH

Graduado em Engenharia - USF

Consultor Industrial

Pós-graduado em Marketing - ESPM

aça uma análise dos seus últimos seis meses como

"cliente", considerando todas as suas experiências

de compras; alimentos, veículos, vestuários,

serviços, bens de consumo duráveis etc. Como você

se classificaria? Cliente satisfeito, bem atendido em

suas necessidades? Cliente encantado?

Se você não se classificou em nenhuma das

possibilidades acima, não se preocupe, você é o que

se chama de um cliente padrão e certamente

engrossará a fileira daqueles que diariamente

freqüentam as colunas de queixas dos jornais e os

órgãos de defesa do consumidor.

Mas e os programas de atendimento das

necessidades dos clientes?

Os programas

O que vemos de uma forma geral são

programas dirigidos aos clientes, e não clientes

dirigindo

estas relações. É mais uma forma

inadequada de se fazer Marketing do que uma

verdadeira intenção de satisfazer os clientes como

uma forma inteligente de fazer negócios!

Estes programas não são estabelecidos para

realmente satisfazer e encantar os clientes. Em

geral, são uma espécie de maquilagem nos

processos existentes, melhorando-os o quanto

podem ser melhorados.

O que há de errado nisso? - você pode estar

se perguntando.

O que se verifica é que existe uma sutil de-

finição de intenções por trás destes programas, uma

demonstração real de

desinteresse,

em que na

verdade o cliente será satisfeito, quando, se e como

der! Vamos analisar um pouco melhor este assunto.

Recentemente foi publicada uma pesquisa

realizada em serviços de atendimento ao cliente

de vários segmentos que constatou o conges-

tionamento dos serviços, requerendo, em cerca

de 40% das vezes, mais do que uma chamada

para ser atendido e, 3 ou mais chamadas, em

30% das vezes.

Entre outra coisas o fato nos faz pensar, por

que tanta gente está tentando usar os serviços de

atendimento?

As justificativas dos atendentes chega a ser

no mínimo surpreendente. Após várias tentati-

vas, um cliente conseguiu finalmente ser aten-

dido e, ao reclamar com a atendente, teve a

seguinte resposta "o senhor não consegue falar

porque nós estamos muito ocupadas, tem muita

gente reclamando "!!!!

Até algumas pesquisas de satisfação já partem

do pressuposto de que as empresas conhecem as ne-

cessidades dos clientes e, portanto, pesquisam aquilo

que supõem que sejam as suas áreas de interesse.

É significativa a quantidade de programas de

satisfação e encantamento de clientes, que não

passam de afirmações da política da qualidade,

penduradas nos saguões das empresas.