Julho_2003 - page 100

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J U L H O
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A G O S T O
D E
2 0 0 3 – R E V I S T A D A E S P M
estavam preparadas para isso; hoje,
estão mais sensibilizadas. Mas sei
queauniversidadeéum
business
, a
escola é um negócio e o seu papel
nãoéodeconseguir emprego.
Revista da ESPM
– Até certo pon-
to.Não se esqueçamdequeoBra-
sil tem2/3escolasparticularese1/3
escolas públicas. A escola pública
aindanãoseconsideraum
business
,
e mesmo as particulares só agora
começaramapensar assim.
ELAINE
– Pois acho que a escola
tem que ser administrada como
business
e isso é um argumento de
marketing para a universidade, ao
dizer aos clientes –os alunos: “Não
estou só preocupada com o seu sa-
ber. Estou preocupada também em
lhedarpelomenososprimeirospas-
sosparavocê ingressarnomercado”.
Revista da ESPM
- Os alunos co-
bram issodaescola.
ELAINE
– Quando estivemos na
Universidade de São Paulo – que é
pública–osalunos tinhamessames-
mapreocupação.Muitos têm aban-
donado o curso, até no quarto ano,
porque acham que não vão conse-
guir emprego. “Então, émelhor sair
daqui emevirar”, elespensam.Aí o
governo cobra: “Você tinha trinta
vagas, e, noquarto ano, dez alunos
foram embora. O que está aconte-
cendo?”
ADRIANA
– Fizemos um projeto
exaustivo para a UFRJ. Nós íamos
ajudaros finalistas,doensinomédio,
– aptos a entrar na universidade –
para que a universidade não tivesse
aquelepesoqueaElainemencionou.
Elesqueriamaajudadeumaempre-
sa especializada nisso, para fazer
uma triagemeajudá-losa fazeruma
orientação. Era um projeto fantásti-
co – atéumprojeto social –porque
você temaquestãodas favelas,opro-
blema de droga no Rio de Janeiro,
onde há ummercado paralelo de
emprego, de renda. Quando eles
não conseguem emprego formal,
começamaganhar umdinheiro fá-
cil, não porque queiram, mas por
necessidade.
Revista da ESPM
– Nem é tão fá-
cil,mas édinheiroeémuito.
ADRIANA
–Esseéum trabalhoque
iriaajudaraspessoas,primeiro, a ter
chances de desenvolver as suas
potencialidades.Depoisdisso, iadi-
minuir fortementeadissociaçãocom
o emprego, entrar na faculdade e
cursar um cursoque ele nãoquer e
acabarsaindo.Ea faculdadeperdea
vaga porque não tem gente entran-
do no terceiro ano. Torna-se anti-
econômico. Acho que há ummer-
cado aí para definir o investimento
quevão fazer,para terocursocheio.
Essaéumadecisãoempresarial.
ELAINE
–Os alunos do ensinomé-
dio têm dificuldade para decidir a
carreira que querem, de fato seguir.
Ele presta vestibular para Direito e,
seconseguepassar,ótimo.Seentrou
em Economia, a mesma coisa. Ele
fica cinco anos focado em fazer a
faculdade. Ninguém diz a ele que,
dentrodecincoanos, elevai terque
ganhar odinheirinhodele.Quando
terminaa faculdade, recebeodiplo-
ma, tem a festa de formatura, pron-
to.Mas o fatoéquenãohádiferen-
çaentreahoraemqueeleescolhea
carreira, auniversidade, ea solução
que ele vai achar no mercado – o
processoécontínuo.
Revistada ESPM
–Vejo que vocês
têmalgumasansiedades–atéangús-
tias–em relaçãoaopapeldaescola.
ADRIANA
– Fico pensando quanto
nós temos que responsabilizar tam-
bém a universidade, a escola, por
alguns papéis que deveriam ser da
família.
Revista da ESPM
– Falem sobre
isso, queémuito importante.
ADRIANA
–Hácoisasemqueaes-
colanãopode substituir, a família, a
yw
ADRIANA FELLLIPELLI E ELAINESAAD
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