Maio_2002 - page 94

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Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
cessodecomunicação.Aqui,noBra-
sil, as coisas são difíceis porque
existe um preconceito ideológico
contra o marketing político, porque
ele se confunde com a própria polí-
tica. Ou seja, se a política é ruim –
e,quandovocêcolocaqualquerelei-
tor em torno de umamesa para fa-
lardepolítica, asexpressõessãode
nojo, descaso –, as piores associa-
çõessãocompolítica.Eomarketing
político vai junto. Como se houves-
seomarketingdasdrogas, ele tam-
bém seria criticado. Mas não pelo
marketing e sim pelas drogas. É in-
teressante que oAlex tenha levan-
tadoesseproblemaporqueconside-
ro que esse foi o governo pós-dita-
dura que pior usou a comunicação.
Aliás, não usou a comunicação e
nãoacreditanacomunicação.Ecre-
dito isso ao nosso líder presidente
que é o CEO dessa empresa cha-
mada Brasil e que, por causa do
vezoacadêmicoesquerdistadadé-
cada de 60, considera a atividade
publicitária uma atividade menor.
Quer dizer, opresidentenãoacredi-
ta na comunicação. Os secretários
da comunicação que ele escolheu
sãoaprovaevidentedequeelenão
acredita em comunicação. Os pro-
fissionaisde comunicaçãoquepas-
saram por lá – como o Alex ou o
Sérgio Reis – não conseguiram fa-
zer absolutamente nada, porque o
presidente não acredita em propa-
ganda. Pelo contrário, considera-a
como uma atividade menor e sub-
serviente, ideologicamente falando.
Elysio
– Tenho uma opinião diver-
gente. Primeiro, respondendo à
questão dele e depois à do Prof.
Gracioso. Em primeiro lugar, acho
que temos uma contribuição impor-
tantíssimaàdemocracia, queé lem-
brar de quem é o primado, no pro-
cesso de marketing.É sempre do
consumidor. No momento em que
você leva parte desses conceitos
para as eleições, quer dizer, você
tem que primeiro admitir que o pri-
mado é do eleitor e não dos políti-
cos.Umcaudilho, por exemplo, não
pensaassim.OpróprioFHCnão tem
essa visão; ele temuma visãomais
acadêmica.Elenão temavisãodes-
sa importância que nós, que traba-
lhamos com produtos de consumo,
temos.Elenão lêpesquisa;elesabe
tudo; ele não precisa. Acho que se
dá uma grande contribuição para o
processo democrático. Não tenho
dúvida. Ao definir que o importante
é o eleitor e não os políticos, os
conchavos – o eleitor é que define
tudo. Quantomais aberto for o pro-
cesso emais competitivo, mais im-
portante ele será. É evidente que
comdoiscandidatos, ele tempouca
importância. Mas, com trinta, qua-
renta, ele passa a ser muito impor-
tante. Em relação à colocação que
oProf.Gracioso fezcomosendodo
Alex, tenho uma discordância pro-
funda. Acho que o Estado não tem
que fazer reclame – para usar uma
expressão tradicional.Achoumabsur-
do, cada vez que abro um jornal ou
ligoa televisão, e vejoesses anúnci-
ossobreessesoitoanosdoFHC.
Marcelo
–Mas isso temumpropósi-
toeleitoral, nãopolítico.
Elysio
–Não temsentidoopovobra-
sileiropagarpor isso.Agoravocêdiz:
“E as campanhas educativas, a cri-
ação de uma consciência de cida-
dania?” Acho que existem organis-
mos muitomais legítimos do que o
Estado, hoje, capazes de fazer isso
que sãoasONGs, as organizações
nãogovernamentais.Atéporqueos
partidos políticos têm o horário gra-
tuito partidário independentemente
doeleitoral.Esses têm legitimidade.
“Enão trabalharia
paraalguns
políticosnosquais
acredito.Como
nãoseriatécnico
doPalmeiras.”
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