102
Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
Até porque se pressupõe que a di-
versidadeéoprincípiodademocra-
cia. Nomomento em que o Estado
achaqueele–sozinhoouquemestá
naquele momento no Estado – é o
ator de tudo, é capaz de fazer, criar
compensamentos, issoaí éum ca-
minho para o fascismo e para a di-
tadura. Não concordo. Acho que as
campanhas devem ser promovidas
esepagando.Qual éoproblemase
umaentidadeorganizar-se?Perten-
ço, por exemplo, a uma delas, cha-
mada Viva Rio, que é uma ONG e
quearrecada fundos, levanta temas,
contrata.
FG
–TodoEstado temuma linha filo-
sóficapor trás. Não são sóos fascis-
tas,eé lícitoqueoEstadopromovaa
sua filosofia.
Elysio
–OqueeudisseéqueoEs-
tado temocontrolede todososmei-
osde comunicação–eéumabsur-
do a propaganda de governo.
Marcelo
– Sobre essa questão do
Estado fazendo propaganda, tem
um livrinho do Peter Burke chama-
do
Fabrica-
ção do Rei
que mos-
tra a
cons-
t r u -
ção da
imagem do
Luís XIV. O
governo de
LuísXIV tinha
um ministro
c h a m a d o
Richelieu, que ti-
nha sido um dos
cardeaisquepartici-
pou do congresso
da propagação da
fé, convocadopelo
papa. Richelieu
voltou para a
França e cons-
truiuumamáquinadedivulgaçãodo
rei e dos valores do Estado. Por
exemplo, a Academia Francesa de
Letras, a Aliança Francesa é tudo
subvencionado pelo Estado –
Voltaire, Racini –, os grandes pinto-
res produzindo obras para glorificar
o rei.Chegouomomentoemquese
falou: Esperaumpouco.Aí aparece
a noção do Estado. Vamos separar
oEstadodo indivíduo.Eaí você tem
uma questão fundamental que é a
seguinte.Nãocompartilhodootimis-
mo doAlex, embora ache que isso
seria o ideal.Acho sim, que oEsta-
dodeveseencarregar de fazer pro-
pagandadealgunsvalorespolíticos
–democraciaetc.Oqueaconteceé
o seguinte. Como você impede que
a divulgação desses valores políti-
cos seja instrumentalizada para o
uso eleitoral? Como é a campanha
dosoitoanos.Querdizer, issoéuma
divulgação–não temnem valor po-
lítico. Mas, enfim, tem uma cara de
valor político que é instrumen-
talizadaparaumusoeleitoral.Quem
é o juiz de tudo isso?
Stalimir
– Não existe nenhuma ra-
zãoque sepossaponderar para fa-
zer uma campanha de oito anos do
real. Nãoexistenenhuma justificati-
va. Por que não foram sete e não
vãoserosnove?Vãoserosoitopor-
que é ano de eleição.
JR
– Gostaria de que cada um de
vocês dissesse, ainda, alguma
coisa,sobre o perfil do profissional
quehoje teriasucessonoseguimen-
todemercadopolíticoeeleitoral.Se
possível, relacionando com a expe-
riência pessoal de cada um.
Stalimir
–Seeu fosse tentar definir
esse profissional ou recomendar o
modelodeprofissional queentendo
como o mais adequado para esse
tipo de trabalho – soumuito ideoló-
gico–, talvezoqueeudiganãoseja
o que, na prática, o mais útil para
quem vai optar. Mas entendo que
esse profissional tem que ter um
senso de responsabilidade muito
grande; tem que ter noção da con-
seqüência dos seus atos. Ele tem
que tersensibilidadecom relaçãoàs
outras pessoas; tem que ser uma
pessoapreocupadacomooutro.Ele
tem que ter um compromisso ético
e um compromisso solidário. “Vou
entrar numa ONG e ser solidário
uma vez por semana”. Isso não é o
“Vocênãoprecisa
mentir;sóusar
meiaverdade.”