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Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
Elysio
–Queriadaraminhaopinião.
Jamais farei uma campanha de al-
guémcomquemnãomesintaàvon-
tadeparavotarnele,porquenãovou
me sentir à vontade para fazer a
campanha.Você temumcontatodi-
reto com a pessoa.
Marcelo
–Vocêdisseque fezacam-
panha do Collor. Você sentiu-se à
vontade?
Elysio
– Já disse a você. Quando
entrei na cabine, ia votar noCovas,
no primeiro turno. No segundo tur-
no, evidente, não tinha outro jeito.
Marcelo
– Mesmo com a Miriam
Cordeiro...
Elysio
– Isso foi no segundo turno.
Marcelo
–MasmesmocomaMiriam
Cordeiro não tinha outro jeito.
Elysio
–Eunão faço.Agora, édife-
rente, eu, como consultor, tomar
uma decisão dessa, e eu, como re-
datordeumaempresadepropagan-
da onde estou ganhando um salá-
rioparadar omelhor queeu tenho
para a empresa; cai um
job
na
mesaedigo: “Não façoporquenão
gosto”. Foi ahistóriadoLiber. Eu
falei: você faz Souza Cruz todos
os dias. E acha bom colocar os
garotospara fumar,porqueera,ni-
tidamente, uma campanha em
cima de juventude, a de
Hollywoodcomomitodosuces-
so; ao sucesso…
Stalimir
–Mas achoque votar no
Figueiredo é pior do que fumar.
JR
–Ninguém iavotarnoFigueiredo.
Acampanhaerasópor fazer.Não ia
haver eleiçãonenhuma.
Emmanue
l – Mas ali havia uma
radicalização ideológica muito
maior.
Elysio
–Ele lembrou bem. Não ha-
via voto do povo. Ninguém pediu a
ele para fazer alguma coisa. Eram
dezoito duplas de criação. Por que
ele achou que ia ser com ele?
Marcelo
–Nocomeçodadiscussão,
você falouquenãoexistiamarketing
político.Agora, você diz que estava
envolvido em um trabalho com o
Figueiredo,queprecisavadovotode
uma pessoa só para se eleger. En-
tão, aquilo foi um trabalho do quê?
Elysio
–Era um colégio eleitoral.
Marcelo
– Foi o Geisel que esco-
lheu oFigueiredo.
Elysio
–Quandoele foi fazeracam-
panha, já estava escolhido. Fiz a
campanha do Dr. Tancredo e era o
mesmo colégio eleitoral.Andei pelo
Brasil inteiro; fizemoscomícios.Ha-
via um comitê de publicitários que
se reuniam na Jerônimo da Veiga,
aqui em São Paulo, e lá tinha um
andar inteiroalugado, com tudoque
se tinhadireito.Haviaumcomitêna-
cionaldepublicitáriospara fazeruma
campanhaparaquinhentosepoucos
eleitores, queerao colégioeleitoral.
Emmanuel
–Mas essaeraaestra-
tégia da campanha, exatamente
essa, fazerumacampanhacomose
fosse direta, de modo a pressionar
o representante – que era, inicial-