HOMERO, SAID, MINDLIN
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M A I O
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J U N H O
D E
2 0 0 5 – R E V I S T A D A E S PM
aBrahma faziaepensavaepartiupara
novassoluções.AAntarcticamantinha
os laçoscomopassado, umapostura
mais tradicional, e acabou sendo
absorvida.
SAID
– O curioso é que jamais
poderíamos imaginar queAntarctica
e Brahma pudessem se unir para
qualquer fim.Masháoutrascoisasque
afetam a longevidade das empresas.
Uma delas, talvez mais marcante,
foram os computadores de mesa. O
Steve Jobs inventou um negócio
chamado Macintosh, com grande
potencial,masnãoseiseporegoísmo
ou falta de visão comercial, ele
segurou as patentes, os processos de
fabricação.Aí a IBM veio comoPC,
tevea sabedoriadeabrira tecnologia
a quem quisesse utilizar e hoje –
apesardapreferênciaqueoshomens
de publicidade têm pelo Mac – o
mercado é dominado pelos PCs.
Perdeu a briga mas não perdeu a
qualidade. Hoje, a Apple caminha
para fazer a tecnologia do Mac
compatível com a do PC; o que não
seiseébomouruim.Namesma linha
da criatividade, temos os fabricantes
de
software
. Bill Gates é o homem
mais rico do mundo porque nunca
deixouqueosconsumidores ficassem
satisfeitos por muito tempo com os
produtosque têm.Vocêvaiauma loja,
hoje, compra a última versão do
Windows ou do XP, instala no seu
computador e ficaorgulhosodeestar
em dia. Daqui a alguns meses, vem
outro, e graças à propaganda, sente-
seobrigadoacompraronovomodelo.
FG
– E, nesse clima de renovação e
inovação,comosedãoosexecutivos,
mais velhos?
SAID
–Falandocomoumapessoade
85anos:mal.Osvelhos,comalgumas
exceções, são pouco suscetíveis à
inovação. A tendência dos velhos é
segurar os cordões.Mas, hoje, nota-se
uma tendência à aglutinação de
empresas, formando grandes conglo-
merados.E issoascolocadiantedeum
dilema, que é centralizar o controle,
como nós velhos fazíamos antes, ou
descentralizar. Até que ponto, a
companhiaX,tendoumvice-presidente
paraoBrasil,outroparaoConeSul,ou
outro para a América do Sul etc., o
controleserásoltoouapertado?Vemos
isso acontecer aqui no Brasil: uma
empresacom sedeemSãoPaulo, filial
naBahia, fábricaemPernambuco,um
centro de comercialização no Rio de
Janeiro...Hádehaverumaconciliação
entreaexperiênciadosmaisvelhosea
ousadiadosmais jovens.Éoequilíbrio
entreaprudênciaeaousadia. Falando
em ousadia, há outro aspecto: para
progredir,umaempresanãopode ficar
esperandooqueosoutrosdevemou
deveriam fazer – nem governo, nem
concorrentes. Os empresários brasi-
leiros são muito propensos a ficar
esperandooqueogovernoquerdizer,
e semexemmuitopouco.
FG
–Vocêdivideoseu tempoentreo
Brasil e os Estados Unidos. Como
sênior citizen, que você é, onde se
sentemelhor,mais bem tratado?
SAID
–NosEstadosUnidos.Antesdo
Brasil,elesse tornaramumasociedade
de idosos. Existe uma geração nos
Estados Unidos, de uma época que
eles chamamde
babyboom
– que é
o período do pós-guerra – quando
houve um surto de nascimento de
pessoas. Sóque isso foi há60anos e
os
baby boomers
estão se aposen-
tando. Issoestimulao turismo,poisas
pessoas de idade vão-se refugiar na
Flórida.Outropontoéqueoconceito
de cidadania nos Estados Unidos é
mais universal doqueaqui noBrasil.
Aqui, evocar odireitodecidadaniaé
umatoquasehostil. Isso fazcomque
o idoso se sinta mais confortável lá
doqueaqui.Aomesmo tempo,nota-
seumadiferençamuito grande entre
os EstadosUnidos de hoje e ode 50
anosatrásnarelaçãoentreamericanos
enãoamericanos–claroque láexiste
muitopreconceito:ouvocêébranco,
oué latino, ouafro-descendenteetc.,
masopreconceito, inclusiveodecor,
declinoumuito nos Estados Unidos,
graças a atitudes de pessoas como
Martin Luther King, que foi as-
sassinadoporumatoderacismo.Esse
ato mudou muito a disposição das
pessoas. E não é só a questão do
politicamentecorretoqueenvolveem
siumgrauenormedehipocrisia,mas
na convicção de que é issomesmo.
Agora, na cidade de São Paulo, as
calçadas–graças, emgrandeparte, à
campanha de uma amiga, LiaVaz –
começam a ter rampas para pessoas
deficientes.Acreditoqueasituaçãovai
evoluir tambémnoBrasil.
FG
– E outra coisa que você pode
testemunharmelhordoqueninguém:
O NOME GENERALMOTORS SIGNIFICA
MENOS QUE ONOME CHEVROLET.