Maio_2009 - page 30

R e v i s t a d a E S P M –
maio
/
junho
de
2009
30
Globalização e
interdependência
nota
1.
Guerrero, Francesco, “Uma revolução
no mundo corporativo”, publicado no
Financial Times
e reproduzido no
Jornal
Valor
de 17 demarço de 2009.
FranciscoGracioso
Atual Conselheiro e ex-presidente
da ESPM
seu famoso livro
CreatingShareholder
Value
, em1987.
Aprincípio,estapragaassolouprinci-
palmente o capitalismo anglo-saxão,
mas logoaênfaseem lucros imediatos
espalhou-sepor todoomundo, pelos
canais abertos pela globalização.
Hoje,muitosanalistasdizemqueesta
ênfasenocurtoprazo teriasidoaprin-
cipal razão da desordem financeira
que abalou as bases do sistema ca-
pitalista.Agora, omundocorporativo
juntaos cacos eprepara-separauma
nova era de vacas magras, menos
stock-options
emais ênfase no longo
prazo.Mas isto já é parte domundo
novo sobreoqual falaremos a seguir.
Amarcadofuturo
O novomundo que já está surgindo
teráamarcada interdependência.No
ambiente político, veremos cada vez
mais figuras carismáticas como a de
BarackObama,quedizquequerouvir
mais do que falar e oferece parcerias
onde não haverá sócios minoritários.
Nãohádúvidadequeistoéoquemais
convém aumpaís que compreendeu
quenãoépossívelimporasuavontade
unilateralaorestodomundo.Poroutro
ladooConselhodoGrupodos20,que
reúne as vintemaiores economias do
mundo,declarou recentementeque
a globalização é boa para os povos
domundo e que a liberdade de co-
mércio deve ser impulsionada para
aproximar e integrar todosospaíses
domundo, ricos e pobres.
No âmbito corporativo o conceito
da interdependênciaestáassumindo
uma feiçãohumanistanacondução
dos negócios. As grandes empresas
transnacionais sentem-seobrigadas,
pela sua própria vulnerabilidade
política, a seguir padrões éticos de
condutaeabuscarumaparticipação
efetiva na vida das comunidades
onde atuam. No passado, essas
empresas multinacionais já foram
pioneiras na aceitação de suas res-
ponsabilidades perante a sociedade
eomeioambiente.Agora,emnúme-
ro crescente, assumem novamente
a dianteira, na implementação
do princípio da interdependência
corporativa, vista como uma nova
formadeparceria,muitoparecidaà
pregadaporObama. Essasempresas
enxergama siprópriascomoparcei-
rasdasnaçõesondeestãopresentes,
das comunidades às quais perten-
cem e de seus funcionários, forne-
cedores e clientes. Enfim, trata-se
da extensão do antigo conceito dos
stake-holders
à dimensão de uma
autênticacomunidadede interesses,
tendo a empresa em seu centro.
Aindaécedoparaquesepossaavaliar
a verdadeira importância dessa nova
atitude das grandes corporações.
Cremos quemuitas delas estão sen-
do sinceras, ao fazer da interdepen-
dência o pivô da reação domundo
capitalista à crise atual.
Talvez seja esta a última chance
do mundo corporativo para redi-
mir a sua imagem e provar que o
sistema capitalista jamais terá o
fim previsto por Marx.
Somos otimistas e cremos que a
longo prazo a crise atual aparecerá
como ummero soluço do sistema
capitalista, como diz o Prof. Antonio
DelfimNetto. Omundo empresarial
do futuro,pormeiodaglobalizaçãoe
da interdependência,adotarápadrões
maiselevadosdecondutaético-moral,
pelasimplesrazãodeque jádescobri-
ramqueavirtudepagabonsdividen-
dos.Curiosamente, aúnicacoisaque
podeobstar esseprocessoéopadrão
ético-moral do setor público, que
estáficandocadavezmais defasado,
em relação ao universo corporativo.
Infelizmente,nosetorpúblicovivemos
aindaadualidadededuasdefinições
contrastantes. Em sua “República”
Platão já dizia que política é a ética
no tratodacoisapública.Beneficiado
por uma perspectiva de 2.500 anos,
MonteiroLobatopensavademaneira
diferente e dizia que política é a arte
demamar nas tetasdoTesouro.
ES
PM
Quemagiaéessaque faz
do futebol um traçodeunião
entre todosospovosdomundo,
enquantoo imensopoderio
americanonãoécapazdeunir
árabes e judeus?
s
Divulgação
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