Marco_2009 - page 18

Obama,
o protecionista?
R e v i s t a d a E S P M –
março
/
abril
de
2009
18
normas ambientais e trabalhistas
quecondizessemcoma regulamen-
tação interna dos Estados Unidos
– algo que havia sido feito, em al-
gumamedida, peloúltimogoverno
democratadeBillClinton, nosanos
90. A exportação de empregos dos
Estados Unidos para países não
respeitosos de tais normas, por
exemplo, era injusta e o comércio
deveria ser justo – e não apenas
livre, como semprequiseramos Es-
tadosUnidos em suas negociações
internacionais. Emoutras palavras,
Obama na campanha ecoava teses
jáamplamentedefendidasporparte
deantiglobalizadoreseprotecionis-
tasque, apesarda interdependência
quase inevitável das relações eco-
nômicasmundiais, preferem insistir
na possibilidade de um retorno ao
mercantilismo como solução para
osmales da globalização.
Questionar oNAFTA causou trans-
tornos já na campanha e a equipe
de Obama deu satisfações até ao
Canadá – o que lhe causou alguns
probleminhas de lógica e consis-
tência, na época. Em março de
2008, ele havia concordado com
sua concorrente democrata, Hilla-
ry Clinton, que o acordo deveria
incluir uma cláusula permitindo
a retirada dos Estados Unidos do
NAFTA caso concessões na área
ambiental e trabalhista não fossem
feitas em seis meses. Com sua
conhecida capacidade de articula-
ção, Barack explicou em junho do
mesmo ano que não se tratava de
nada que não fosse razoável, que
o acordo já tinha lá seus quase 15
anos de idade, e que nada seria
unilateral, mas sim resultado de
umdiálogocomosoutrosparceiros
comerciais. Com ou sem NAFTA,
noentanto, aexportaçãodeempre-
gos para países mais “baratos” em
mão-de-obra, seja lá onde fossem,
foi temacentral nacampanha–em
particular em lugaresondeacandi-
daturaObama perdia paraHillary
– tais como o chamado “Cinturão
daFerrugem” (o
Rust Belt
).O tema
ali é, sim, o custo da globalização
para os interesses econômicos
nacionais americanos – ou seja, a
perda do emprego caro e sindica-
lizado nos Estados Unidos.
Passadaadurezadacampanhaea
euforia da vitória, Obama volta a
ser testado sobre suas convicções
livre-cambistas – desta vez, de
verdade. Ocorre que o pacote de
US$787bilhões firmadoem17de
fevereirode 2009 inclui dispositi-
vos que claramente discriminam
contra importações.
Os dispositivos
Buy
American
do pacote de
estímulo, assim, estão
em grandemedida fora
do âmbito de qualquer
instrumento internacional.
s
Emmarço de 2008, Obama
concordouque o acordo
deveria incluir uma cláusula
permitindo a retirada dos
EstadosUnidos doNAFTA caso
concessões na área ambiental
e trabalhista não fossem feitas.
s
Imagens: Divulgação
1...,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17 19,20,21,22,23,24,25,26,27,28,...136
Powered by FlippingBook