Marco_2009 - page 20

Obama,
o protecionista?
R e v i s t a d a E S P M –
março
/
abril
de
2009
20
dispositivos do pacote de estímulo,
datade1933(76anosatrás!!)esempre
esteve foradoâmbitodaOMCoude
seupredecessor, oGATT.
ObamaesuaTurma
“Diga-mecomquemandasquetedirei
quemés”.ObamaéumDemocratae
o partidoDemocrata pende sim para
políticas socioambientais, comércio
justo,eumEstadoprovedoretolerante.
Essas são asmarcas dosDemocratas,
razãopelaqualsãoconsideradosa“es-
querda”norte-americana.Esperarque
onovopresidente seja tão a favor do
livrecomérciocomoMiltonFriedman
seriaumabsurdo. Esperarqueonovo
presidenteseja liberal tantonapolítica
quanto no comércio não é razoável.
Apesar de suas diversas expressões a
favordomultilateralismonas relações
internacionaisedeeventuaisatitudes,
tais como seu apoio como senador
da ratificação do acordo EUA-Peru,
Obamanãopoderiadeserdar colegas
departido,mesmosetivesseumaoutra
visão sobreoassunto.
EoquepensamentãoosDemocratas,
atualmente, sobreocomércio interna-
cional?Umapesquisadaorganização
Public Citizen revelou que 36 novos
membros da Câmara e 7 do Senado
elegeram-secombaseemplataformas
de“comércio justo”–ouseja, renego-
ciar oNAFTA, adotar umamoratória
para novos acordos de comércio,
pensar duas vezes antes de deixar
entrarprodutosdequaisquerparceiros
comerciais.
3
Mais importante até do
queesse“reforço”nasúltimaseleições
éofatodequeoCongressodosúltimos
doisanos–ouseja,oCongressoresul-
tantedaseleiçõesde2006,quedeua
maioria na Câmara aos Democratas
– já demonstrava suas convicções de
formabastanteconspícua,enfrentando
qualquerriscodeliberalismodeúltima
horaporpartedeBushedosrepublica-
nos (comoas tentativasdignasde“reta
final”definalizaraRodadadeDohae
clamar vitóriano
dossiê
do comércio
internacional)econtrapondopolíticas
pelomenoscompensatóriasaossupos-
tosdanosdaaberturacomercial.
Foi assim com oAcordo dos Estados
Unidos com a Colômbia, tradicio-
nalmente um parceiro estratégico
importanteparaWashington– sejana
guerra contra o narcotráfico, seja no
jogo de influências no subcontinente
americanoprotagonizadoporagentes
tãodiversoscomoAlanGarcia,Hugo
Chávez,EvoMoraleseonossopróprio
Lula.AmaioriaDemocrata,combase
em teses defendidas pelos sindicatos
americanos,evitouconsistentementea
aprovaçãodoacordocomaColômbia
alegando abusos contra os direitos
humanos no país e outras questões
políticasque surpreendemnamedida
em que põem em questão a atuação
de um governoque preza pela paz e
quetemdevencerumaguerrasemfim
contraguerrilheirosenarcotraficantes.
OAcordo com o Peru foi aprovado
depoisdeajustestrabalhistaseambien-
tais. O da Colômbia não o foi – não
por razões geopolíticas quedeveriam
pendera favordaColômbia–massim
paraquenão seabrisseaporteirados
acordos de livre comércio: estão na
fila, depois daColômbia, um acordo
comoPanamáeoutro–estebemmais
controvertido – com a República da
Coreia.Ossindicatos tomaramoacor-
dodaColômbiacomorefémeexigem
umaguinadaantiglobalização.
Obamapodeaté sermultilateralistae
aceitar as virtudes do livre comércio.
Porém,comamigoscomoestesbaten-
donobumbodoprotecionismo,como
pensar em rumosalternativos?
TradiçãoXGlobalização
A tradição é forte e sempre jogou a
favordosEstadosUnidos: o sistemade
comércio internacional pós-Segunda
Guerra Mundial foi uma “invenção”
norte-americana que envolveu não
apenasadefesadolivrecomérciocomo
tambémo apoiopolítico à criação de
umaparatonormativoque,efetivamen-
te,odefendesse.As liçõesdosanos30,
quandoWashingtonproduziuumadas
peças mais protecionistas da história
docomércio internacional, que forçou
parceiros comerciais a revidar e com
isso agravou uma depressão por si só
já suficientemente devastadora, não
seriam esquecidas nas décadas que se
seguiramao
debacle
.OsEstadosUnidos
desdeentão influenciaramacriaçãode
OGATT já refletiaumconceito
norte-americanodanecessidade
deabrirmercadosemantê-los
abertosmesmoquandooutros
países resolvam seunire integrar
suaseconomias.
s
GeneralAgreement
onTariffsandTrade
(AcordoGeral sobreTarifaseComércio)
1...,10,11,12,13,14,15,16,17,18,19 21,22,23,24,25,26,27,28,29,30,...136
Powered by FlippingBook