Frederico
Araujo Turolla
e José Francisco
Vinci deMoraes
março
/
abril
de
2009 – R e v i s t a d a E S P M
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outros países, esseeraocasodoBrasil
nofim dos anos noventas: uma eco-
nomia saudável,mascomproblemas
de curto prazo em função das crises
nomundoemergente.
A crise atual, entretanto, pode exigir
pontes maiores. Um eventual questio-
namento sobre a solvência dos países
desenvolvidos, como os EUA e os
europeus, poderia configurar evento
degrandesproporções.OFMI,por sua
vez, não tem a capacidade financeira
suficientepara lidar comuma crisede
tais proporções. Além disto, não há
instituições multilaterais capazes de
mobilizar aconstruçãodeumagrande
pontesemoFMI.
Felizmente, tal questionamento não
aconteceu,atéomomento.Aprincipal
prova disto já foi apresentada neste
artigo: emmeio ao terremoto, os in-
vestidores correram para o epicentro,
nãohavendodúvidasdequeosEUAse
mantêmemboasituaçãodesolvência.
Para evitar que um questionamento
ocorra e se transforme em uma crise
aberta global, entretanto, éque se faz
necessárioodesenhodenovas institui-
çõesmultilaterais, compoder amplia-
do.Seriaumsuper-FMI.Nãoseránada
fácil construiralgoassim.
A pauta que está sobre a mesa de
discussãonas reuniões doG-20neste
momento temmaisavercomoamor-
tecimentodaquedadocrescimentoda
economiamundial, e também com a
prevençãodenovasbolhasdecrédito
como a que esteve na raiz da turbu-
lêncianorte-americana.Quantoaeste
segundoaspecto, hánecessidade, por
exemplo, de uma instânciamultilate-
ral que propicie maior coordenação
quantoà regulaçãofinanceira.OFMI
e o BIS não têm sido capazes de de-
sempenhar essa tarefa, face aos seus
mandatosatuais.
BrettonWoodsPlus?
Sejacomofor,omundoprecisarádeum
mecanismo que limite a formação da
novabolha, eque tambémpossa lidar
comelaquandoacontecer.Nãoétarefa
simples. Da última vez que omundo
parouparapensarseriamentesobrealgo
assim,produziu-seumarranjoqueman-
teve a economiamundial em relativa
ordemduranteváriasdécadas.
Neste momento, tudo indica que
precisaremos de reforma. Entretanto,
a complexidade dos interesses dos
paísesedeseus líderesé tamanhaque
uma nova concertação global poderá
não avançar mesmo que seja uma
ótima ideia.Comoafirmou, emartigo
recente, a professoraMariaAntonieta
Del Tedesco Lins: Emmeio à crise
mundial, os holofotes acesos sobre
os líderes e técnicos reunidos em São
Paulo eWashington tiveram intensi-
dade maior, mas nada bombástico
saiu das reuniões. Omais concreto
que se obteve ali foi a retomada da
negociação comercial no âmbito da
RodadadeDoha, algo importantepor
que os países ricos agora necessitam
deampliarmercados noexterior,mas
aindamuitodistantedeumamudança
naordemmundial.
Épossívelquealgumasdas instituições
deBrettonWoodssejammesmomodifi-
cadasnocursodospróximosanos. Isso
nãodeveacontecerantesdemuitadis-
cussão,em fórunsmultilateraiscomoo
G-20,comverdadeiroscabos-de-guerra
entre interesses nacionais polares. A
grande dúvida é se as modificações
terão a profundidade necessária para
osgrandesdesafiosqueonovomilênio
vemapresentandoparaaeconomiado
PlanetaTerra.Nestepontodahistória,a
poeiradoterremotoaindanãobaixou,a
vistanãoalcançalonge,mas,pelocurso
atual,nãoparecequeestamos livresde
novosabalosno futuro.
FredericoAraujo
Turolla
MestreedoutoremEconomiadeEmpresas,pro-
fessordoDepartamentodeEconomiadaESPM
epesquisadordoNEGI–NúcleodeEstudosem
Gestão Internacional.FoieconomistadoBanco
WestLBeé sóciodaconsultoriaPezco.
José Francisco
Vinci deMoraes
Economista,professordosprogramasdegradua-
çãoepós-graduaçãodaESPM.ChefedoDepar-
tamentodeEconomiaeDireito–graduaçãoSP
ecoordenadordoNúcleodeTecnologiasMistas
deAprendizadodamesma instituição.
Emmeioàcrisemundial,os
holofotesacesos sobreos líderes
e técnicos reunidosemSãoPaulo
eWashington tiveram intensidade
maior,masnadabombástico saiu
das reuniões.Omaisconcretoque
seobteveali foi a retomadada
negociaçãocomercialnoâmbitoda
RodadadeDoha, algo importante
porqueospaíses ricosagoraneces-
sitamdeampliarmercadosnoex-
terior,masaindamuitodistantede
umamudançanaordemmundial.
MariaAntonieta
DelTedescoLins
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