BrettonWoods
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R e v i s t a d a E S P M –
março
/
abril
de
2009
24
Essesistemasemantémpoucoalterado
pormaisdeseisdécadasejápassouda
hora de ser reformado, pois enfrenta
agoraumdesafioparaoqualnãoestá
preparado: o de construir pontes de
liquidezemeconomiasdesenvolvidas
castigadas pela crise financeira. Não
há qualquer sinal de consenso entre
asnaçõessobrecomose fará isto,ouo
quedeveráserpostoemlugardovelho
sistemaparaessadifícil tarefa.
Contracrises:
BrettonWoods90
Não que as instituições anticrise do
mundo atual estejam tão ruins assim.
Na década passada, o mundo emer-
gente chacoalhou sob terremotos
financeiros. Após salvo, o mesmo
mundoemergentechegouaestaaltu-
ra da década atual como uma tábua
de salvação do combalido primeiro
mundo. Estudos clínicos de países
emergentescomprovamqueaterapêu-
ticamaiseficazcontracrisesdepaíses
emergentes foi, nos anos noventas, a
deBrettonWoods.
As instituições de Bretton Woods
tiveram inegável papel relevante nas
crises de países emergentes dos anos
noventas e até mesmo na década
atual.Nocasobrasileiro, nos últimos
meses de1998, apercepçãoda forte
contaminaçãodaeconomiabrasileira
pelacriserussa,napresençadeeleva-
dasnecessidadesdefinanciamentodo
setor público e do setor externo, deu
origemaummovimentoadversodos
mercados financeiros e à percepção
de muitos investidores de que não
haviaescapatória.
Note-se que, naquele momento,
a reação veio do próprio governo
brasileiro. Foi lançadoumprograma
de ajuste fiscal baseado na geração
de expressivos superávits primários.
Porém,naocasião,aentradaemcena
do Fundo Monetário Internacional
foi decisiva na reversão das expec-
tativas, permitindo a continuidade
da rolagem dos estoques de dívida.
Isto se deu sob uma impressionante
coordenaçãomultilateral, envolven-
do não apenas o FMI, mas também
um conjunto de tesouros nacionais
de nações desenvolvidas, reunidas
noBank of International Settlements
(BIS),oBancoMundial eoBanco In-
teramericanodeDesenvolvimento.
Além de fornecer um colchão de
proteção financeira, coordenando
o programa internacional de crédito
emergencialaoBrasil,oFundodeuseu
aval aonovocompromissofiscal.Um
importanteaspectodessaparticipação
équeoFundosancionouocritériopri-
márioparaamediçãododesempenho
dascontaspúblicas,quepermitiuisolar
a avaliação de esforço fiscal efetivo,
aomesmo tempo em que a situação
global se deteriorava com o aumento
do serviçodadívidapública.Assim, o
Brasil sobreviveu ao tremor e iniciou
uma trajetóriamarcada, inicialmente,
por um
boom
de exportações e, em
seguida,um fortemovimentode inter-
nacionalizaçãode suasempresas.
Terremoto?Corra
paraoepicentro...
O terremotofinanceiroque assolouo
mundo a partir do fim do terceiro tri-
mestrede2008desafiouoseconomis-
tasespecializadosnaclínicadecrises.
Eas razões sãocomplexas.
A crise atual teve uma característica
que parece comum às outras, o fato
de que os investidores foram buscar
proteçãonosEstadosUnidos.Dasvezes
anteriores, se a crise fosse noBrasil, a
prescriçãoerado tipo “fujaparaNova
IorqueouparaFrankfurt”, como se fez
emmaisdeumaocasião.Sóque,desta
vez,correramjustamenteparaoepicen-
trodoterremoto,osEUA.Istoequivalea
prescreveralgoassim:“você temmedo
deterremoto?EntãosaiadeSãoPauloe
mude-separaSantiagodoChile”.
Sóháumaexplicaçãoparaisto.Emvez
defugirdaáreaatingidapeloterremoto,
que se supõe ser quase do tamanho
do Planeta, os investidores preferiram
Nadécadapassada,
omundoemergente
rodopiou sobos furacões
financeiros.O interes-
santeéqueacriseatual
teveumacaracterística
queparececomumàs
outras:o fatodequeos
investidores forambuscar
proteçãonosEUA.
s
M. Dueñas