maio/junhode2013|
RevistadaESPM
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pouco, auxiliada pela valorização da moeda brasileira.
Em 2011, tudo mudou. Os Estados Unidos foram
forçados a reconhecer a necessidade de promover um
forte ajuste fiscal para equacionar as contas públicas
depois das operações de salvamento bancário e de res-
gate macroeconômico de 2008 e 2009. O embate entre
Republicanos e Democratas sobre a forma de fazê-lo cul-
minou na desastrosa discussão fiscal que levou à perda
da classificação de risco AAA da economia americana.
A crise da zona do euro se alastrou pelo continente,
engolfando as principais economias da região. A China,
preocupada com a dependência de suas exportações do
eixo EUA-Europa, deu início a um intrincado processo
de modificação das fontes de crescimento que ainda
não terminou. A intenção dos chineses em transitar de
um modelo de crescimento baseado em investimento
e exportações para outro, fundamentado no consumo
doméstico, implicou uma desaceleração do país asiático
que tem se revelado mais rápida e profunda do que se
supunha. O resultado é que os preços das exportações
brasileiras deixaram de ser impulsionados e a demanda
global pormatérias-primas industriais, nosso carro-che-
fe, diminuiu sensivelmente. Os reflexos dessa mudança
de rumo começam a despontar na balança comercial do
país e nas previsões pessimistas para o deficit externo.
Diantedas evidências que se avolumavamdequeoBra-
sil não seria capaz de retomar o ritmode crescimentoque
vigorara até o final do governo Lula, a presidente Dilma
iniciouo seumandatocoma clara intençãodepromover a
atividade, ainda que o cenário externo tivesse se tornado
hostil, ao contráriodoque ocorrera durante amaior parte
da administração do seu antecessor. No começo, houve
boas intenções. O governo reconheceu a necessidade de
frear o aumento do gasto público, foi capaz de aproveitar
um momento auspicioso para modificar as regras da ca-
derneta de poupança, que impediamuma reduçãomaior
dos juros brasileiros, lançou uma agenda ambiciosa para
a área de infraestrutura e resolveu pôr em marcha uma
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