entrevista | Ian Pearson
Revista da ESPM
| janeiro/fevereirode 2013
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conseguir projetar os mesmos siste-
mas de armamentos, se chegarmos
ao nível do conflito armado. Certa-
mente não poderiam ter as mesmas
ideias para criar novas empresas
ou tecnologias. Em todas as coisas
para as quais você usa o cérebro, se
tivermos uma geração de pessoas
ciberneticamente melhoradas, elas
teriam uma vantagem muito grande
sobre as pessoas comuns.
Alexandre
—
De novo, é meio assus-
tador. Mas vamos falar um pouco de
negócios. Como o senhor acredita que o
marketing será praticado pelas empre-
sas nesse futuro?
Pearson
— Penso emuma nova mídia,
que deverá chegar direto ao seu siste-
ma nervoso para estimular sensações.
Isso amplia o escopo do marketing.
Não é apenas vídeo e áudio. No futu-
ro, vai ser possível sentir o produto,
interagir com ele. Provar uma roupa
como se a estivesse vestindo. Sentir a
sua textura.
Alexandre
—
Quando se pensa no de-
senvolvimento da internet, muitas em-
presas tiveram sucesso no mundo real
commodelos de negócio criados a partir
das possibilidades que a web oferece. O
Google é um exemplo disso. O senhor
consegue imaginar que tipo de compa-
nhia e de novos setores tendem a liderar
a criação de mercados nesse futuro?
Pearson
— Elas virão do mundo da
realidade aumentada. Acredito que
dentro de 20 anos muita gente estará
usando algum tipo de aparato na ca-
beça — que pode ser um par de óculos
como o que estou usando, dentro dos
quais haverá lasers capazes de “escre-
ver” imagens diretamente na retina,
ou mesmo lentes de contato ativas,
que funcionarão como
displays
tridi-
mensionais de alta definição e alta
resolução. Isso abre um novo mundo,
porque lhe permite levar sua vida co-
tidiana e aomesmo tempo ter montes
de informações de marketing, entre-
tenimento, socialização, negócios...
Alexandre
—
É um admirável mundo
novo para a publicidade.
Pearson
— Você pode mudar o modo
como as coisas se parecem, adicionar
valor a ambientes digitalmente e ob-
viamente processar informações de
mão dupla. Ver o que os consumido-
res estão olhando, pesquisar o perfil
deles e entregar informação custo-
mizada diretamente dentro de seus
campos de visão. Se você me conhece
bem, sabe que game vou jogar esta
noite nomeu Xbox. E, provavelmente,
poderá usar esses mesmos persona-
gens [do videogame] para entregar
informação no meu campo de visão.
Coma evolução dasmáquinas aumenta o risco de obras de ficção científica, como
Matrix
, virarem realidade
Podemos falar de umanova classe de pessoas
chamada
homo ciberneticus
, quando você
adiciona capacidade eletrônica ao cérebro
humanoparamelhorar seudesempenho