Revista ESPM - jan-fev - Santa Internet - page 15

janeiro/fevereirode2013|
RevistadaESPM
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Ou eu vou poder atirar nesses caras
enquantominhamulher faz compras.
Alexandre
Interessante, mas um
tanto invasivo, não?
Pearson
— O marketing ganha uma
nova dimensão quando começa a
colocar coisas no campo de visão das
pessoas à medida que elas andam por
aí no seu dia a dia. E a informação flui
nas duas mãos. Eu gostaria de viver
num mundo assim, porque ele torna
minha vida mais divertida. Eles [os
publicitários] gostariam de viver num
mundo assim, porque ele lhes dámais
oportunidades de me vender coisas.
E eu posso querer comprá-las. Vou
gostar desse marketing, desde que
ele seja personalizado. Não gostamos
de ver anúncios porque eles são para
outras pessoas. Você perde seu tempo.
Quando o anúncio é sobre algo de seu
interesse, você olha para ele. Às vezes,
você sai explorando a internet atrás de
informação sobre um produto, então
uma ferramenta de marketing pode
tentar antecipar o que você iria pro-
curar, de todo modo. Vejo uma nova
geração de empresas usando essa
combinação de criação de perfis, con-
textualização e personalização para
entrar na sua vida cotidiana utilizan-
do novas mídias. É
product placement
na vida real para valer.
Alexandre
O senhor escreveu so-
bre a transição do capitalismo para a
“economia do cuidado”. Pode explicar
o que é “economia do cuidado” e como
essa transição vai acontecer?
Pearson
— Sim, à medida que os
computadores ficarem mais esper-
tos, eles vão assumir mais emais dos
nossos afazeres. Pense nas coisas
mundanas da rotina, como procurar
voos ou descobrir a que horas um
avião vai chegar, providenciar um
táxi para ir ao aeroporto, saber como
o trânsito está hoje em São Paulo,
achar um caminho melhor, esse
tipo de coisa que nos aborrece hoje.
No futuro, seu computador vai fazer
esse tipo de função para você, per-
feitamente. Isso vai tornar sua vida
mais fácil. No limite, se você elimina
do seu trabalho todas as coisas ba-
seadas em conhecimento e todas as
coisas administrativas, o que sobra
são as partes que têm a ver com o
lidar com outras pessoas. Lidar com
a sua equipe, dar a ela avaliações de
desempenho, guiá-la, liderá-la, esse
tipo de tarefa. Ou trabalhos como ser
uma enfermeira, um professor, um
policial ou alguma coisa em que você
temde lidar compessoas.
Alexandre
Daí o conceito de econo-
mia do cuidado.
Pearson
— Chamo de economia do
cuidado porque, nesse tipo de traba-
lho que envolve habilidades huma-
nas, as competências mais valiosas
são relacionadas a cuidar. Uma enfer-
meira, por exemplo, é normalmente
considerada intelectualmente júnior,
na comparação com o consultor mais
graduado de um hospital. Mas o con-
sultor mais graduado do hospital é ba-
sicamente um robô muito inteligente.
Você pode substituir esse cérebro
esperto por um computador esperto.
Não émuito valioso.
Alexandre
Já a enfermeira não
pode ser trocada por um robô.
Pearson
— Você poderá dar a ela uma
versão 20 anos melhorada de um
iPad, de longe mais esperta do que o
consultor do hospital, que a tornará
mais esperta do que o consultor.
Então, ela poderá superar o desem-
penho do consultor em termos de
diagnósticos. É com a entrega de
cuidados que sempre associamos
uma enfermeira. Com o lado da
compaixão, de interagir com um
ser humano como um ser humano.
As enfermeiras, supostamente, são
muito boas nisso. Você valorizará a
enfermeira mais do que o consultor,
porque ela pode, facilmente, fazer o
trabalho dele, mas ele não pode fazer
o trabalho dela. Então, nós vemos
uma inversão. Vamos de uma econo-
mia da informação dominada pelo
intelecto para uma que é muito mais
baseada emhabilidades humanas.
Alexandre
Que competências se-
rão mais valorizadas na economia do
cuidado?
Pearson
— Compaixão, amor, todo o
lado emocional. É muito mais caloro-
sa uma sociedade em que as pessoas
têm habilidades pessoais e os compu-
tadores, robôs e androides dão conta
das coisas mundanas que ninguém
faz questão de fazer. A economia do
cuidado é uma economia orientada
para o humano, que é possível por ter-
mosmáquinasmuito espertas.
Vejoumanova geraçãode empresas
usando essa combinaçãode criaçãode perfis,
contextualização e personalizaçãopara entrar
na sua vida cotidianautilizandonovasmídias
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