Janeiro_2009 - page 74

Gestão
intercultural
R e v i s t a d a E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2009
74
so. Aomesmotemponovo,éum tema
antigoenos faz lembrar aangústiade
Bondenheimerem1942,quandodisse
que“vivemosnumaépocaemqueos
valores fundamentais da cultura estão
sendodesafiadoseatacados”.Wheelis
exploraessaperdade identidadeede
valores duradouros apontando para
umaperdano sentidodo tempoeda
vidacomosintomaprincipaldasocie-
dade moderna. Entretanto, sabemos
que é no caos que a criatividade e a
consciência se expandem em busca
denovas alternativas. RaymondAron
convida as pessoas a se sofisticarem
no sentido de conquistarem “paz de
satisfação”, ou seja: o atendimento
pleno de todas as necessidades de
todosos sereshumanos.
Achegadadaglobalização,internetiza-
ção,inteligênciaartificialtornou-seum
predomíniodatécnicasobreaética,do
materialismo aohumanismo, da falsa
aproximaçãoaoisolacionismopróprio
do individualismo. Como pressupõe
Morin quando diz que perdemos os
princípiosquenosenraizavamnopas-
sado, agoraperdemos as certezasque
nos guiavam para o futuro. Pagamos
um alto preço pelo desabrochar do
individualismocontemporâneo levan-
dode roldãonossos valores e tirando
dos indivíduos o solo estável onde se
julgavamamparados.
Porém,sendoanaturezadodiálogoin-
tercultural umaverdadeiradescoberta
sobre o outro, podemos diagnosticar
(parao futuro),que,quantomaisavan-
çarmosnessaárea, tantomaispodere-
mos substituir as tensões por laços de
paz e tolerância. Por issoo avanço e
apopularidade,hoje,de termoscomo
gestores interculturais equipes multi-
culturais ouhabilidades interculturais.
Percebo como se fosse “um passo
atrás em direção à evolução”: depois
da assoberbada homogeneização de
valores, comportamento e regras, nos
voltamos, outra vez, para a busca e
valorizaçãodenossadiversidadeeindi-
vidualidade.Queremosaprenderaarte
do encontro, mas não sabemos mais
como fazê-lo.Ouemoutras palavras:
tanta tecnologia,modernidadeeciên-
cianãoconvergiram,necessariamente,
paraumfinal feliz.
Muitos autores chamam a Educação
Interculturalde
EducazzioneallaMondia-
lità
,
EducazioneallaPace
ou
Educazione
allaDiversità
.NoProgramaCulturapara
a Paz daUNESCO o tema intercultura
aparecedebraçosdadoscomos temas
daÉticaedaEducaçãoparaoMeioam-
biente,poisacreditamelesqueocidadão
domundo seráético, ecológicoe inter-
cultural–ouseja, todoum
attegiamento
profundamente humanista que propõe
umanovaconcepçãodehomem.
O líder global, portanto, torna-se
comprometido com a intercultura-
lidade enquanto tolerância, flexi-
bilidade, escuta atenta, interesse e
compreensãoautênticospelooutro
e por sua diversidade. Do ponto
de vista de uma pessoa intercul-
turalmente educada, o conceito
de integração é, profundamente,
correlato, pois diz respeito à sua
capacidadedecriarvínculos, laços,
pontes entre os seres humanos.
Essemesmoconceitode integração
relaciona-se, também, comode re-
ciprocidade, uma vez que em toda
a ecologia relacional desse sujeito
haverá partes que se beneficiam e
ganham. Uma vez que a Gestão
Intercultural relaciona-se com os
princípios e valores de cada líder,
algumas questões pertinentes de-
vem ser levantadas:
questões a
serem levantadas:
Ê
Como estoume apresentando ao
outroecomoperceboooutro?Quais
características e significados atribuo
àqueles que me são estranhos ou
diferentesdemim?
Ë
Quanto de etnocentrismo exerço
naminharelaçãocomosdemais?For-
çoosoutrosasubmeterem-seàminha
ou à cultura deminha empresa sem
esforçar-meparaamudança (requisito
básicoparaoencontro)?
Ì
Tenho respeitado manifestações
distintasdasminhasemmeu trabalho,
em equipe, dentrodeminha área de
atuaçãoe foradela?
AangústiadeBondenheimer
em1942dizque“vivemos
numaépocaemqueosvalores
fundamentaisdaculturaestão
sendodesafiadoseatacados”.
s
M. Duenhas
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