Andréa
Sebben
janeiro
/
fevereiro
de
2009 – R e v i s t a d a E S P M
75
AndréaSebben
Psicóloga com formação na Universi-
dadComplutensedeMadrid (Espanha)
enaPUCRS (PortoAlegre);membroda
InternationalAssociation forCross-Cul-
turalPsychologyedoEducationalAdvi-
soryCouncilofAmericanFieldsService
International,Washington, DC.
Como se pode perceber, não seria um
exageroadmitirqueEducaçãoIntercultu-
raléumaeducaçãoauto-referencialque
nos convida àmudança do simesmo,
umavezquese tratadeumapedagogia
relacional como valor e como prática
educativa, e também um desafio que
desmantela nosso estilo cognitivo de
perceberasimesmoeaooutro. Portan-
to, se engana quem pensa emGestão
Intercultural apenas e exclusivamente
relacionadaàsinteraçõesglobais–todas
as interações humanas deveriam ser
transversalmente interculturais.
ATeoriadaModificabilidadeCognitiva
(TMC)deFeuersteinéumbommodelo
parailustraressaplasticidadecognitiva,
pois é ummodelo que, além de nos
permitirentenderofuncionamentodos
componentesda inteligência,permite-
nos, também, avaliar emelhorar esses
processos. A hipótese por trás dessa
afirmação é a de que, quanto mais
evitarmosoclaustrodoindividualismo,
numa forma monocultural de ver e
perceberomundoedenos relacionar
com as pessoas de forma mecânica,
ausente ou distante, tantomenos nos
fossilizaremos emais prepararemos o
terrenoparaumamentalidadeintercul-
tural, ondea tolerância seráo recurso
paraseudesenvolvimentodeumponto
devistademaiorhumanização.
A inteligência sob suas diversas for-
mas (Gardner, 1987) e, sobretudo,
a inteligência relacional é a espinha
dorsaldopensamento intercultural à
medidaquenos ajuda adesenvolver
um estilo cognitivo disponível ou
bondoso, por que não dizer, daque-
les que passam longe de nós ouque
nos parecem estranhos. Por sua vez,
énotável queodiscursoperpassaos
conceitos de tolerância e acolhida,
masnãodeuma formaengessada,mas
emmovimento.Épor issoquesabemos
que,maiscedooumais tarde todamo-
nocultura é condenada à estagnação,
enquantoqueculturaspolidimensionais
tendem ao crescimento, à evolução e
aomovimento. AGestão Intercultural
inclui as habilidades e características
relacionadas no quadro acima. Como
se pode perceber, todas elas, fruto de
diversas inteligênciasemação.
A abertura à experiência, comodizia
Carl Rogers, significa nossa dispo-
nibilidade para lidar com o novo e
nossa disponibilidade de mudarmos
enquanto pessoa para conquistarmos
o “desconhecido”. Sem dúvida que
comunicação, tolerância, empatia,
openminded
,flexibilidade,otimismo
eversatilidadesão instrumentosvalio-
sosparaogestor intercultural oupara
o gestor local. Importante, porém, é
questionarmos se não seriam todos
os gestores interculturais – uma vez
que convivem em espaços múltiplos
com personalidades diversas no seu
dia-a-dia independente do local ou
país onde se encontram? Fica aqui o
convite para que pensemos juntos,
analisemos juntos,econstruamos jun-
tosumabússolanorteadora,comolhos
de respeito pelo outro, tendo valores
claros em nossas relações, empatia,
delicadeza, generosidadee tolerância
paraaconstruçãodenovos saberes e
relaçõesemnossosambientes.
ES
PM
habilidadeparatransitarem
múltiplosediferentesambientes
(Heenesn-Wolf,1998)
Habilidadesdecomunicação
interessoale interétnica
(Huijser,2004)
tolerância
(Hofestede,1991)
Empatia
(Huijser,2004)
flexibilidade
(Huijser,2004)
Atitudepositivaà
aprendizagemcontínua
(Heenesn-Wolf,1998)
a)
menteaberta
(Heenesn-Wolf,1998)
serbifocal“focona tarefae foco
nos relacionamentos”
(Heenesn-Wolf,1998)
inteligências emação
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