Janeiro_2009 - page 68

Mesa-
redonda
R e v i s t a d a E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2009
68
mal de mim porque eu também
sou incompetente”, e os feudos
de incompetência não levam à
competitividade; a empresaperde
competitividade pelas incompe-
tências que são mantidas pelo
corporativismo, porqueo inovador
incomoda, o inteligente incomoda,
o inteligente quer modificação, o
inteligente quer evoluir.
Gracioso
– Não é possível
que isso estivesse acontecendo
na empresa que vocêmencionou
justamentepela faltadeumdono,
fisicamente falando; isto é, a
pessoa que “dá o tom”. Há uma
frase de Albert Schweitzer: “o
exemplonão é amelhor forma de
influenciar as pessoas, é aúnica”.
Quando falta a figura mítica do
dono, fica tudo mais difícil...
Jesus
– Você coloca o dono em
cada chefe de equipe, em cada
líder deequipe, seele tiver caráter,
para dar o tom. Hoje se vê, nos
cursos de graduação, alunos que
buscam estágio e quando voltam
das entrevistas dizendo: “Profes-
sor, nem vou continuar porque
fui dizer a área em que acho que
tenho habilidade, ou a área que
eu gosto, eme disseram que não,
que não vou estagiar nesta área,
mas em outra completamente di-
ferente, porque é láque eles estão
precisandodemão-de-obra,mão-
de-obra de estagiário, barata”...
Issodenota faltade caráter.Antes,
num estágio, você passava por to-
dososdiversos setoresprocurando
estabelecer a sua habilidade.
AlexPeriscinoto
–O “patrão”
quedirigeoito, dez, doze remado-
res, ele não é dono.
Jesus
–Mas é o líder, é
cult
, sabe
liderar.
Carlos Salles
– Acho que,
algumas vezes, nessa conversa
colocamos a questão temporal de
que era assim e agora é assim. Ar-
risco-me a dizer que as empresas
nãocompetitivas existemdesdeos
tempos bíblicos, sempre existiram
líderes com ou sem caráter, sem-
pre existiram líderes pragmáticos,
sempre existiram os profetas.
JRWP
– Os bons e os maus
exemplos.
Carlos Salles
– Sou até um
pouco otimista: acho que existe
hoje uma consciência maior da
necessidade da liderança, doque
havia há 40 ou 50 anos, quando
o modelo era o chefe autocráti-
co, que controlava o escritório;
caía uma pena no chão e ele
exigia ordem na casa etc. Isso
não cabe mais.
Alex Periscinoto
– Outro dia
fiquei impressionadocoma filoso-
fia daToyota que diz “aqui o erro
não é castigado”.
Gracioso
–Alex, estavamesmo
pensandonaToyota. Poucodepois
da Toyota tornar-se maior que a
GM, o presidentemundial reuniu
os executivos no Japão para um
pep talk
e disse: “Nosso próximo
desafio – para nosmanter compe-
titivos é encontrar um carro que
funcione com ametade das peças
deumcarroatual”. E foi paravaler.
Este é o papel do dono: estimular,
motivar, dar o rumo; ele sabebem
que esse “carro dos sonhos” não
vai surgir tão cedo, mas – como
o Fischer falou – ele levanta uma
bandeiraquevaimanter os execu-
tivos da Toyota “nos cascos” para
corresponder à expectativa.
Alex Periscinoto
– Isso junto
com uma frase: “Aqui não se cas-
tiga o erro, mas se encoraja”.
JRWP
– Será que isso significa, de
certa forma, que as empresas que
se ativeram ao padrão antigo – de
uma certa disciplina, dos
yesmen
– estão sendo justamente aquelas
que não estão dando certo?
Ricardo
– Muitas coisas muda-
ram na sociedade, nas empresas
etc., e, certamente, essa questão
do humanismo, do comprometi-
mento, lealdade, do “vamos tomar
aquele morro”, têm a ver com o
comprometimento pessoal, com
quanto a pessoa se sinta partici-
pantedaquelegrupo.Mas isso, em
geral, se contrapõe ao problema
dele com a sua própria família e
suavidapessoal.Ultimamente, te-
nhoa impressãodeque se trabalha
cada vez mais, mais horas, com
maior dedicação; a tecnologia, se
–deum lado–nos ajudamuito, de
outronos aprisiona, nos escraviza.
}
O espírito humano temo direito de
ficar nomesmo nível da divindade.
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