Janeiro_2009 - page 64

Mesa-
redonda
R e v i s t a d a E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2009
64
riência. Mas tenho a impressão de
que o que mais mudou – talvez
mais do que as próprias empre-
sas e organizações – tenha sido
a própria humanidade; a cultura
mudou, o mundo mudou, muda-
ram os valores. Essa falta de leal-
dade está em todo lugar.Ninguém
é leal a mais nada – a nenhuma
idéia, mulher, homem ou insti-
tuição. Nos últimos vinte anos,
por exemplo, omundo entrou em
regime de “salve-se quem puder”
– ou “salve-me quem puder”, ou
ainda “eu soumais eu”...
JRWP
– Acho que estamos bem
dentro do tema.
Ricardo
–Tiveduas experiências
interessantes, sob este ponto de
vista: aprimeira foi naAbril –onde
praticamente, iniciei minha vida.
Nas décadas de 60, 70, aAbril era
uma coisa maravilhosa, incrível;
ela se fez naquela época. Era um
incrível mundo de liberdade; to-
dos os que fizeram grandes coisas,
como a
Veja
, erammuito jovens, a
começar peloMino – que, quando
foi dirigir a revista
Veja
, tinha 30
ou 31 anos. Dos 80 jornalistas da
redação, o mais velho deveria ter
uns 25 anos – talvezhouvessedois
os três comcabelosbrancos,maso
resto era de jovens.Oque os unia,
provavelmente, eram duas coisas:
uma grande idéia, uma bandeira,
algo que iamodificar o país emu-
dar a sua vida.
Gracioso
– Eoorgulhode parti-
ciparem dela.
Ricardo
–De participar, carregar
essa bandeira. Dois, um nível de
liberdadeespantoso.Com isso, eles
fizeramgrandescoisasnosanos60.
Já falei isso–acreditoqueaquimes-
monaEscolaumdiaalguémdeveria
escreverum livro sobre isso. AAbril
dizia aos
headhunters
“queremos
jovens de até 25 anos, cursando
qualquer faculdade, ou formado
seja no que for comQI acima do
normal, preferivelmentepobre, que
tenha estudado em escola pública
e estejabatalhandopela vida”. Eles
pegaram 50 executivos com este
perfil e fizeram a diferença.
JRWP
– Desenvolveram uma gera-
ção de administradores.
Gracioso
–Vamos ouvir oAlex.
Alex Periscinoto
– Em 1978,
assisti à revolução criativa dos
Estados Unidos – particularmente
emNova IorqueeMineápolis – são
duas cidades que defraldaram essa
bandeira. O homem que fundou a
agência mais criativa dos Estados
Unidos, William Bernbach, tinha
o seguinte lema: “Se uma pessoa
é criativa e tiver mau caráter, eu
não contrato; se a pessoa tem bom
caráter enãoécriativa, eunãocon-
trato”.Começouassima revolução.
Através desse filtro ele começou a
acharpessoascomoBobGage,Bob
Levenson e Helmvt Krone, entre
outros, pessoas muito criativas e
debomcaráter, obomcaráter para
fazer a equipe, o bom caráter é
que dá o lado humano. Omundo
ainda não havia visto campanhas
}
A voz do consultor era a voz de
Deus, era impossível discordar.
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