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A G O S T O
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2 0 0 3 – R E V I
S T A D A E S P M
que levoua sebuscar oaumentoda
produtividade pela utilização ideal
da alimentação racionada (Vatin,
1993). Logoem seguida, comapro-
pagaçãoda transferênciadoesforço
do homem para a máquina, essa
preocupação com o esforço físico
perdeu ímpeto,masnão seesgotou,
aliás, aindanão seesgotou.Aginás-
tica introduzida nas fábricas e es-
critórios,porexemplo, tema função
de obter rendimento físico seja
diretamente, seja pela redução do
absenteísmo.
Naatualidadeéestatisticamentedes-
prezível o número dos que alegam
excessodeesforçooudedesconfor-
OS LIMITESDA TOLERÂNCIA: O TRABALHOSEMO EMPREGO
toparaabandonodoemprego. Pro-
vavelmente porque os que se vêem
nacircunstânciado trabalhopenoso
sãopessoasquenão têmvozounão
têmalternativa,comoos trabalhado-
res na construção civil ou nas em-
presas de fundo de quintal. No en-
tanto, há uma relação causal surda,
não documentada e, talvez, não
documentável entrea intolerânciaa
determinados trabalhos e as defi-
ciências ergonômicas do ambiente,
dos equipamentos e dos instrumen-
tos. Pesquisas, como a recentemen-
te realizadaem Israel em21organi-
zações (Fried et al., 2002), que de-
monstrouque 34%do absenteísmo
entre as empregadas em escritório
que realizavam tarefas complexas
eram devidos ao barulho, são
indicativas desse limite. Com a es-
pantosa ignorância tantodasorgani-
zações comodos trabalhadores, so-
bre as necessidades e benefícios da
ergonomia, os ambientes de traba-
lho opressivos, confusos, tirânicos,
decorrentes dos sistemas de baias,
dosedifícios tipoaquário,podemser
tambémrazãopara intolerânciassem
origemexpressamentedeclaradaem
pesquisas.
Embora JulesAmar (1879-1935)pro-
duzisse, jáno séculoXX, uma teoria
físico-fisiológica do trabalho, e que
se sistematizasse o estudo dos tem-
O ROMPIMENTO DO
LIMITE DA TOLERÂNCIA
PSICOFÍSICA SE DÁ QUANDO A RELAÇÃO ENTRE EMPREGADOS
E
ORGANIZAÇÕES ULTRAPASSA O LIMITE DA RACIONALIDADE
.
yw
Corbis