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J U L H O
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A G O S T O
D E
2 0 0 3 – R E V I S T A D A E S P M
síveis de serem separadas e ana-
lisadas uma a uma. (Giglio,
2002:105)
.
Essaéaprincipal van-
tagem neste processo. Através
dele podemos separar o proces-
sodedecisãodoconsumidor em
vários estágiosdeaquisição, com
suas característicaspeculiares.O
modelo em etapas é particular-
mente interessantepara situações
de compra de alto envolvimento,
comoacompradeum imóvel,mas
testaremos sua aplicabilidade na
situaçãodoconsumidordereligião.
2.1.
O INÍCIO
COM
AS EXPERIÊNCIAS
Todo processo de consumo se
iniciacomas experiênciasqueas
pessoas passam em sua vida.
Dessas experiências e seus resul-
tados cria-se o campo que gera
as expectativas do consumidor.
Apesar de as experiências serem
qualitativamente e quantita-
tivamente infinitas, suas origens
são conhecidas. As experiências
vêmdocorpo,oudas idéias,oudas
emoções, oudas relaçõescomou-
tras pessoas, ou das relações com
os objetos e a natureza, oudas re-
lações como tempo.
Analisemososprincipaisníveisde
experiências que determinam as
expectativas das pessoas em rela-
ção à religião:
CORPO:
Oprimeiro gran-
de aspecto determinante
dasexpectativasem relaçãoà reli-
gião refere-seaocorpo. Paragran-
de parte das pessoas, a igreja
funciona como uma espécie de
hospital, onde pessoas com os
mais variados problemas de saú-
de buscam uma solução espiri-
tual para seus problemas. Existe
uma grande tendência de pesso-
as com graves problemas de saú-
de buscarem na fé a soluçãomi-
lagrosa, ou mesmo o conforto
para seus problemas. Dito de
maneira mais simples: experiên-
cias de ficar doente (portanto re-
lativas ao corpo) principiam a
busca de uma solução.
IDÉIAS, CRENÇAS, VA-
LORES E EMOÇÕES:
As
idéias, afetos e valores talvez se-
jam um componente essencial
para análise de todo o processo
de criação de expectativas. Pare-
ceexistir uma forte relaçãode to-
das as experiências dos indiví-
duos com suas idéias em relação
à religião, principalmente em re-
lação aos processos valorativos.
Experiências deproblemas finan-
ceiros, crises conjugais econtatos
com novas idéias (um filme, por
exemplo) podem ser ocampo ini-
cial que gera algumas expectati-
vas, tais como “precisomelhorar
minha vida financeira”, “preciso
estar preparado para a morte”,
“preciso adquirir maior sabedo-
ria”, “tenho que encontrar uma
pessoa para partilhar a vida”,
“necessito de paz e tranqüi-
lidade”, “preciso acreditar na
existência de algo”. Em cada
uma dessas expectativas, existe
a possibilidade de as pessoas
escolherem a religião como o
caminho da solução.
RELAÇÕES COM OU-
TRAS PESSOAS:
A opi-
nião, experiência e relato de ou-
tras pessoas podem levar os indi-
víduosavisualizaremgrandespos-
sibilidades em determinada
religião.Apropagandabocaaboca
deuma religiãoé importantemeio
para gerar expectativas nos indiví-
duos. Por outro lado, existe ainda
oaspectonegativode influênciade
outras pessoas. Emgrupos deado-
lescentes, por exemplo (escolas,
clubes, bares ...), pode existir uma
rejeiçãomuitograndedas pessoas
em relaçãoaospraticantesdeuma
religião.As crençasdeumgrupoa
respeitodea religião ser caretaou
coisa de idoso podem influenciar
no desenvolvimento de expectati-
vas por parte dos adolescentes e
jovens. Um terceiro tópico a ser
analisado refere-seàs tradições fa-
miliares despertadas pelas religi-
ões. Emmuitas famílias, tradiçãoe
freqüênciadedeterminadas religi-
ões é seguida ao longo dos tem-
pos, através de uma corrente que
dificilmente se rompe, indepen-
dentementedasopiniões eexperi-
ências de seus indivíduos. Existe,
nesse caso, uma espécie de ritual
familiar sagradodeexercer ames-
ma fédadescendência.Muitaspes-
soas são influenciadas por essas
tradições familiares em suas esco-
lhas religiosas ao longo da vida.
RELAÇÕES COM A NA-
TUREZA E OS OBJETOS:
A experiência de perder objetos
(umcarro, por exemplo), ouexpe-
riênciasde relaçõesagressivascom
a natureza (ser arrastado num rio,
por exemplo) podem iniciar a
busca de alternativas de vida em
que o apego ao material torna-se
menos importanteeanatureza tor-
na-semais importante. Nesses ca-
sos, a religião cai comouma luva,
com preceitos de valorização do
humano e do espiritual.
TEMPO
:
Existem pessoas
que,aoperceberemo fimde
suasvidas, acabambuscandomais
contato com o divino. A própria
cultura do julgamentoapós amor-
Q
yw
AAPLICAÇÃODOSMODELOSDECOMPORTAMENTODOCONSUMIDORAOSCATÓLICOSPRATICANTES