ESPM
-
Fale 11111 po11co de .111a
ffl(jetôria de 1•ida.
AF - Comecei a trabalhar muito
cedo, comdoze anos, oquemeobrigava
a estudar à noite. Comecei a trabalhar
como
ojfice-boy
num escri tório que
importavabordados da IlhadaMadeira.
Depois fui para uma empresa maior.
logo virei auxiliar de escritório, mas
antes que você pergunte sobre a
propaganda, foi o seguinte: com
14
anoseuvi um anúncio no jornalde uma
agência muito criativa, na ocasião
chamadaMulti Propaganda, do
DavidMonteiro. Essa agência
estava recrutando
pe~soas
no
mercado. e eu fui atrás do
anúncio. consegui a vaga e
fui trabalharcomoauxiliarde
faturamento.
Revista da ESPM
-
Maio/Junho de 1998
casa belíssima, na rua Albuquerque
Lins, as pessoas eram alegres, nós
éramos muito felizes, eu fiquei lá
um
ano
c
me
apai xone i
definiti vamente pe la ati vidade
publi citária. Encontrei a minha
vocação, embora, curio-samente,
nunca tenha sido publi-citário da
criação ou da mídia. Mas ti ve a
vocação de ligar o jornalismo
à
publicidade, daí surgiu o jornalismo
publici tário.
ESPM
.fúcllldwle:'
Como
é
lflll' .fúi
a
AF - Vamos pular
alguns anos. Ao mesmo
tempo que ingressava no
Diário Popular com
21
anos, eu estava entrando
na Faculdade de Direito.
noMackenzie. Era um dos
bons cursos. dos melho-res
de São Paulo, de grandes
professores. comooPro
f.
Magalhães
Noronha, que temobrasdedireito penal
adotadasemmuitas faculdades, ogrande
professorBenevides deResende, enfim.
profes-sores que eram também da São
Francisco, o que naquela época. nos
anos 70, eracomum.
ntrevista com
Armando
a pm11c entreaMllltl
c oDuíno
Potntlar ·J
Ferrentini
AF-Fiqueina
Multi apenas um ano
e trabalheiemouu·w,
agências de propa-
~
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ESPM -
Ainda c\tlldando:'
AF - Continuava estudando,
trabalhando de dia e estudando
à
noite.
Na MultiPropaganda, que ficava numa
ganda. Eu não fiz a
ESPM. A vida foi a
minha ESPM. Da Multi
passei por muitas agências.
enu-e
ela~
aMPM.
J.
W.l11ompson,
até chegar
1963,
quando entrei no Diário
Popular.Meu innãojá trabalhava lá,ojomal
estava que1-endo entrar numa
fa~e
nova.
o~
acionistas estavamdividido:-, erauma
família e estávamos com problemas de
relacionamento, pois eram muitos
53
herdeiros.Mas havia umgrupo, liderado
por um jovem chamado Rodrigo de
Moura Soares. que queria faLer o jornal
voltar a ::.er o que tinha sido. O Diário
Popular é um jornal centenário, comoo
Estadão. O Rodrigo me convidou para
montar o departamento comercial. O
DiárioPopular,comooEstadão, recebia
os anúncios - até das agências de
propaganda - no balcão.
E havia. no Estadão. uma coisa
que seria folclórica hoje. mas que era
duro na época: poucas agências tinham
conta corrente. Era uma dificuldade
enorme você abrir uma contra corrente
~:om
o Estadão, você tinha que
apresentar uma sériede garantias, tinha
que ser amigo do rei. tinha que ser
conhecido. enfim, nãoera para qualquer
um. O Diário Popular nasceu de uma
briga dentro do Estadão. quando o
Estadão ainda se chamava A Província
de São Paulo. Logo depois de sua
fundação. em 1875, houve umabrigaeo
América de Campos, que era um dos
donos da Província que virou Estadão,
saiu,juntou-seaoutros e fundouoDiário
Popular. Por causa disso havia muita
semelhança entre os dois jornais, e o
Diário Popular também não tinha
departamentocomercial. Eu rui para láe
abli odepartamentocomercial. Erajovem.
20ou
21
anos,mas já tinhaexperiênciana
área publicitária e resolvi encarar este
desafio. Conheciabastantegente -sempre
fui uma pessoa que soube se relacionar
bem, felizmente- eaí nósmontamosuma
equipe. Mas logo fui atraído para o
jomalismo. Naquela época, até 67, ainda
não haviam os cursos de jornalismo,
bastava você ter dois anos de atividade
jornalística para ser provisionado. Eu sou
um jornalista que não me formei em
faculdade. Eume f01meinaviela.
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C.\111/IIOS
t'/11
63.
AF - No início de
1964
eram 60
runcionárioseu·êsKombis. Ojomal tinha
um prédio na rua do Carmo, com seis
andares, apenas u·ês ocupados. os ouu·os
ficavam vazios, esperandoo crescimento