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do jornal. Em64, quando houvea famosa
..revolução'', eu fui fazer a cobet1ura. Eu
quetia ser jornalista, estava lá para isso
também. Lembro-me que entrevistei, no
aeroporto de Congonhas, na noite do dia
30demarço, um tal deDinizqueeraparente
do Magalhães Pinto, ele vinha de Minas
para SãoPaulo. Eu jovem, perguntei: '' O
Sr.acreditana revolução?" ele respondeu:
..A revolução já está nas ruas''.
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C'ditora.
AF - Como responsável pelo
novodepartamento comercialdo jornal,
eu sentia uma necessidade muito
grande de que o jornal fosse lido pelos
publicitários, que tivesse um trânsito
nomeio, era um jornal popularmas não
popularesco, nem de baixo nível.
Surg iu então a idéia de criar uma
coluna. Já havia uma coluna no
mercado, de Cícero Silveira. bem
anterior à minha. Ele saía às terças–
feiras no Diário da Noite. Mais tarde,
depo is que eu fiz "Asteri scos", o
Cícero teve uma segunda coluna no
Diário de São Paulo, aos domingos, nos
jornais da cadeia dos Associados.
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AF - Antes dele teve o Marcus
Pereira. lembra-se dele? Ele teve uma
agência, a Marcus Pereira Publicidade, c
matou-secomum tiro. Eraumprofissional
brilhante, sujeitodegrandecompetênciae
coragem. Ele tinhaumacolunanoEstadão
aos domingos, mas era mais técnico- até
por não ser jornalista e não freqüentar a
redação-mas erauma boa coluna.
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AF- Sim, era aGloboda época. A
Globo surgiu em
65.
Ele era o colunista
mais impot1ante da época. desse grupo
Revista da ESPM
-
Maio/Junho de 1998
inicial.OCícero, depoiseu,depois oEloy
Simões, o Fernando Reis. mas o Cícero
era, semdúvida, o mais importante.
LSPM-Aí
rou?
criou
a
sua coluna
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l>iúno
l'ot'1ilar
AF - Eu ctiei a coluna que logo foi
transformada em uma página. Mas eu
queriaumaseçãopolêmica, nãoqueriauma
colunaoba-oba, umacolunadeagrado, de
release,
simplesmente umacoluna social,
euqueria umacolunapolêmica, inclusive
para atrair a atenção. Mas esse
compottamento temde ser sempre dentro
de uma linhade raciocínio coerente. Você
não pode provocar polêmica e aomesmo
tempo escrever bobagem. Consegui
sucesso. felizmente,cemmenosdeumano
eujáme tornava conhecido.
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Qumulo
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AF- Nodia
21
demaiode
1965.
E,
na primeira, saiu como "Asterístico",
assim, errado, e ninguém corrigiu.
Passou por todo mundo... Eu fiquei
extremamente abatido com esse erro.
Pensei: "Puxa. de cara uma coluna que
sai como nomeerrado." Nãodesanimei
e me lembrei daquele provérbio- o que
começaerrado termina bem ou vai bem.
A coluna logo virou página e, depois,
transformou-se numcaderno, Propagan–
da
&
Marketing, hoje é um veículo
vitorioso na classe publicitária.
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AF- Eu souumjornalistaquevirou
empresário, acho que essa é a melhor
definição. Abandonei a advocacia, aliás
euaexerci somentepor uns doisanos.Fui
criando essa coisa nova, que não existia,
transformando-a numa atividade maior,
gerandoempregosegerandoatéveículos.
OBrasil têmmaisveículospublicitáriosque
os Estados Unidos. E as pessoas
sobrevivem. estão aí. Temos, de fato, uns
15
veículos publicitáJios.Eascoisas foram
acontecendo. Eu não fiz nenhum planode
vida que viesse dar no que está aí. Fui
aproveitandoasoportunidades, como, por
exemplo, criar o Prêmio Colunistas. Na
épocaemquenósocriamos-eu, oCícero
SilveiraeoEloy-nãohavianenhumprêmio
de publicidadenoBrasil.
ESPM- Quem
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AF-Até hojea gente discute isso.
Eu achava que tinha sido oCícero e ele
dizia que a idéia tinha sido minha. Mas
aí nós fizemos a exposição na Terrazza
Martini,Av. Paulista, cedidapeloMurilo
AntunesAlves, fizemos a premiaçãoe a
entrega dos prêmios e abrimos a
exposição. Isso foi em
1965.
Mas o que
eu queria ressaltar nessa história foi a
minha crescente preocupação de trazer
colaboradores para a página e depois
para o Caderno. Fazer com que a nossa
publicação fosse uma coisa plural, que
não tivesse apenas uma opinião, e isso
felizmente semantém atéhoje.Vocêdeve
lembrar, porque acompanha a gente há
muitos anos.Sãoopiniões, complemente
contrárias as da gente. Houve até
colaborações que nos criticavam, e
deixavámos sair.
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AF- De umacet1a forma, sim, pelo
menosnaminhaárea.
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II/I/ 111
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AF - Além da minha atração pela
propaganda, também tive sempre um
fascíniomuitograndepeloensino.Umdia,
quando eu já tinha a coluna no Diário