Omundo da próxima
década
março
/
abril
de
2009 – R e v i s t a d a E S P M
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Juliana
–Os alunos devem trazer
essaangústia,professor.Porum lado
é isso que acontece e, por outro,
muitos jovens já estão fazendo a
escolha da empresa onde querem
trabalhar levando em consideração
valorescomoessede sustentabilida-
de, de relação com a comunidade,
comomeio ambiente.A crise atual
irá, talvez, acelerar essa reflexão
na juventude, do que realmente
vale a pena. Acabei de fechar uma
matéria sobre a Procter &Gamble,
uma empresaque tradicionalmente
recruta muitos jovens. Ela estava
percebendonos últimos anos queo
turnover
na faixa etária dos 20 aos
30 anos, na faixa etária de quem
entrava como
trainee
tinha quase
dobradoem relaçãoao
turnover
ge-
ral da companhia. Isso fez acender
uma luz amarela; foram pesquisar
melhor, conversar com o pessoal e
descobriram que os que entravam
agoranão tinhammaisaperspectiva
de permanecer na empresa por 30
anos e também não estavammais
interessados emuma das bandeiras
com que a empresa acenava no
momento do recrutamento que era
apossibilidadede fazercarreira fora
dopaís.Aempresaficoupreocupa-
da porque não queria abrirmão de
umaantigacrença,mas tinhade re-
ver todoomodelodeatraçãodessa
juventude, ouvi-los mais, entender
um poucomais o que está na base
dessa angústia. E foi o que fizeram.
Por meio de mentores, de diversas
formas de discussão, vêm conse-
guindo manejar esse
turnover
da
GeraçãoY.Masaminhavisãocomo
diretora de redação de uma revista
que trata de gestão de carreira para
umpúblico leitorna faixados25/35
anos é que muitos se encontram
entreopânicoeaparalisia. Por isso
dizemos, em nossa última edição,
exatamente o contrário: “Saia da
toca, saia da baia, agora é hora de
vocêcontribuir;demostrarquevocê
pode fazer a diferença, que pode
trazeruma reflexão,quepodeajudar
a empresa, o seu chefe”.
Alexandre
– Tenho certeza e
convicção de que as escolas, e os
professores serão essenciais nesse
momento. Tenho a experiência de
sala de aula e sei que talvez uns
25% dos alunos estão ali porque
realmente sabem o que querem,
mas amaioria–de75, 80%–pode
estar ali por influência da família,
pormodismooupor outros fatores.
Como a Juliana falou, ficam com
muitomedo. No final do semestre
passado, quando a crise chegou,
eles vinham perguntar “professor
o que está acontecendo, o que é
isso, como isso vai afetar a minha
vida, o meu futuro”? Acho que os
professores e as escolas vão ter um
papel primordial para mostrar um
pouco que, se você estudar mais,
sededicar aos estudos vai poder se
diferenciar. Eos empregos que vão
surgir provavelmente serão ocupa-
dosporquem temcondições,quem
se dedicou, até porque teremos
menos empregos.
JRWP
– Retorno àmeritocracia.
Alexandre
– Penso que a meri-
tocracia vai ser fundamental; nesse
aspecto, é algo positivo que vai
surgir de todo esse imbróglio que
estamos vivendo.
Paulo
– Obviamente este é um
momento de grandes transforma-
ções, éuma reversãodesseprocesso
– que o Embaixador expos muito
bem – que traz dificuldades, espe-
cialmente para os estadistas e as
pessoas encarregadas de lidar com
o problema em posições elevadas.
Resta a incerteza, se agirãobemno
sentido de não reverter os ganhos
perenes do processo de globaliza-
ção e do aumento da inter-relação
entre as pessoas, que aconteceu
nos últimos 20 anos. Existe uma
oportunidade muito grande. Esses
desequilíbrios, que ocorreram,
podem – se bem conduzidos – dar
origem auma situaçãomais estável
de crescimento. O Brasil aparece
bem posicionado para isso, porque
tivemos um acúmulo, ao longo de
anos, de algumas grandes iniciati-
vas de estabilização, no Governo
Fernando Henrique. Apesar da
ineficiência ainda existente no
Estado – houve um aumento da
capacidade da burocracia estatal
em lidar com o mundo moderno,
a produtividade do Governo tem
aumentado – apesar de ainda ser
problemática.Querodizer, umcer-
toacúmulode competências põeo
Brasil numa posição diferenciada,
especialmente quando você consi-
dera outros, como a Rússia, países
que sãomuitomais especializados,
com problemas de regulação, de
}
...sujeitos com talentos extraordinários,
premiados combonificações imensas...
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