março
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abril
de
2010 – R E V I S T A D A E S P M
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Um koan é uma narrativa,
diálogo, questão ou afirma-
ção no Zen-Budismo que
contém aspectos que são
inacessívesà razão.Okoan
tem como objetivo propiciar
a iluminação do aspirante a
zen-budista.
Bons exemplos vêm
tambémdo Japão
Gostaríamosaindadecitarasempresas japone-
sas. É evidente que a ética, por si só, não pode
substituiracompetênciagerencialnoseusentido
maisamplo.Eéevidentetambémqueos japone-
sesnão sãoperfeitoseprovadissoestánapara-
lisaçãoda economia japonesa, por umadécada,
devidoàexplosãodabolhaimobiliáriaprovocada
pelaespeculação.Masmuitasempresasjaponesas
incorporaramàsuafilosofiadegestãoosvalores
humanistasdobudismoesedistinguemdesuas
congêneresocidentaispor trêsrazõesprincipais:
O sentido budista de servir, ligado à
crençadequeviemosaestemundopara
torná-loumpoucomelhor, fazendomais feli-
zes aqueles quenos rodeiam;
Osentidoatemporaldenossasvidas,como
elosquesomosentreopassadoeo futuro;
A noção de que a verdade está dentro
do próprio homem, tornando-nos mais
confiantes,mais críticos e criativos.
Na tradição budista, especialmente do bu-
dismo zen, a relação entre o mestre e seus
discípulossebaseiano“koan”,umaespéciede
enigmaqueomestrepropõeaodiscípulopara
queestemediteeacabeencontrandoaverdade.
Este é um processo que pode levar semanas
ou meses e só termina quando o discípulo
diz aomestre que encontrou a resposta final.
Nessemomento, omestrediz, simplesmente,
que o discípulo deve guardar a resposta para
simesmo. Fica claroo sentidodeste exercício:
a resposta aos enigmas da vida só pode ser
encontradadentrodenósprópriosenenhuma
opiniãoalheiasesobrepõeaela.
Na prática, as empresas japonesas utilizam
estesprincípiosdeváriasmaneiras.Porexem-
plo, elas são capazes de criar novos produtos
para culturas diferentes, com uma facilidade
impressionante. São capazes também de es-
timular a criatividade entreos seus funcioná-
rios, obter consensonas decisões e promover
acordosao longode todaacadeiadeprodução.
Foramos japoneses,porexemplo,quecriaram
o conceito de “área estratégica de negócios”
quehoje éutilizado em todoomundo.
Humanismona
filosofiadegestão
Todas as sociedadeshumanas, desdeas famí-
liasatéasnações, são regidasporumconjunto
de valores, crenças, princípios e normas de
conduta,que tomam formaao longodo tempo.
Nassociedadesprimitivas, essaculturaébasi-
camenteoral ecabeaosmaisvelhospreservá-
lae transmiti-laaos jovens.Nooutroextremo
osestadosmodernosregistramnaconstituição
nacional a sua visãodomundo.
Mal comparando, este substrato cultural das
organizações humanas tem o mesmo papel
que cabe às raízes das árvores: dar alimento,
segurançae sensodepermanência.No caso
Umkoan famosoé:
“Baten-
do duas mãos uma na outra
temos um som; qual é o som
deumamão?”
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