Setembro_2003 - page 47

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S E T E M B R O
/
O U T U B R O
D E
2 0 0 3 – R E V I S TA D A E S PM
J. RobertoWhitaker
Penteado
PERGUNTASE
RESPOSTASCOM
PASCAL BEUCLER
DIRETOR DAAGENCIA CARRÉ
NOIR E CATEDRÁTICO DA
SORBONNE (TAMBÉM COLABO-
RADOR DA
REVISTA DA ESPM*
)
Revista da ESPM:
Um Museu da
Propaganda dentro do Louvre.
Vocês provocam a inveja de todos
os publicitários do mundo. Como
é que conseguiram isso?
Pascal:
Acho que isso temmuito a
ver com o fato de que, desde o iní-
cio da publicidade de marca, na
França, esta disciplina foi conside-
rada como se situando na fronteira
entre apalavra “comprometida” eo
discursosocial,mesmocultural.Pro-
vadissoéqueosmaiorescartazistas
da publicidade foram artistas reco-
nhecidos–ou,ainda,queumRoland
Barthes sejacontratadopelaPublicis
para fazer estudos semiológicos.
A característica “museográfica” da
produção publicitária é, pois –
muito provavelmente – uma
questão de cultura local. Devo
acrescentar queos presidentes dos
2 maiores grupos de propaganda
franceses fazem parte da adminis-
tração daUCAD).
Revista da ESPM:
Quem são as
pessoas (e instituições)maisativasno
apoioaoMP?
Pascal:
Não tenho como particulari-
zar.Masdiversosempresários– inclu-
sivedadireçãodegrandes gruposde
publicidade– fazempartedoscomitês
deadministraçãodaUCAD.
Revista da ESPM:
A presidente da
UCADdizqueapropaganda reúneo
beloeoútil. Issocontinua sendover-
dadeiroem2003?
Pascal:
Achoquesim. Issoestánapró-
pria definição de artes decorativas:
conciliar o belo e o útil. Essa é, sem
dúvida, a razãopelaqual apublicida-
de francesa tem a reputaçãode visar
ao estetismo, um certo culto da for-
ma, umgostopronunciadopor todas
asvariantesdopós-modernismo...
RevistadaESPM:
NoBrasil, temosal-
gumasdificuldadesparadesenvolver
emanter idéias parecidas com a do
MP.Amaior partedas empresas não
gostade ter sua imagemassociadaàs
“velharias” de ummuseu... O que
acha?Asituaçãoédiferente,naFran-
ça, naEuropa?
Pascal:
Compreendobemessadificul-
dade, quenãoéexatamenteexclusi-
vidadedosmateriais publicitários.A
dificuldademaiorédeconseguirque
as pessoas admitamque apresença,
em ummuseu, de uma obra – seja
elaqual for: imagem, volume, pintu-
ra,cartaz, fragmentosdediscursoetc.
–não significaqueessaobrapercaa
sua atualidade, sua vitalidade, sua
modernidade. Devemos pensar um
museu comoummeiode conserva-
ção e de proposta, nunca uma pri-
são ou um cercado.
Revista da ESPM:
Objetivamente,
quais sãoos benefícios paraapro-
fissão – e para a sociedade em ge-
ral – de ter-se umMP?
Pascal:
Além do que eu já disse,
mais do que uma legitimação –
coisa de que, eu acho, no fundo,
apropagandanãoprecisa–éo re-
conhecimento do seu acesso ao
status
de gênero discursivo parti-
cular da vida social.
O Paradoxo da Obrigação
Fecunda
, Revista da ESPM,
Volume 9, ano 8, edição n.º 5,
setembro-outubro 2002
*
yw
Pascal Beucler: Diretor da agencia
CarréNoir e catedrático da Sorbonne.
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