Liberdade de
Expressão
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S E T EMBRO
/
OU T UBRO
DE
2005 –REV I STA DA ESPM
presidência da república. No nosso
caso, importa a pessoa do Lula, do
Fernando Henrique etc.
JR
–Oassuntoévastoepoderíamos
ficar o dia todo discutindo. Gostaria
de saber como cada um de vocês
acha que deve evoluir, no Brasil, a
questão da liberdade de expressão?
CARLOS ALBERTO
– Sou um
otimista. Nossa discussão leva-me a
manter a visão otimista. Assistimos
ao ocaso das ideologias totalitárias.
Estamos vivendo – especificamente
no Brasil – uma crise de grandes
proporções que atinge praticamente
os três poderes da República. Isso é
ruim? Acho ótimo. As pessoas
perguntam: “OBrasilestápiorando?”
Digo: “Não. A sociedade e os seus
meios de comunicação é que
melhoraram”. As mazelas, que não
apareciam antes, estão aflorando,
sendo discutidas. Creio que vamos
sair dessa crise comumpaísmelhor,
uma sociedademais amadurecida e,
sobretudo, comaconvicçãodeque,
apesar de todas essas situações, a
democracia está aí sólida, fun-
cionando sem problema. Estamos
entrando numa era de menos
personalismo e uma presença mais
sólida das instituições, acima dos
indivíduos.
RUY
–Falandodepropaganda–mas
tentando juntar isso ao interesse do
Brasil: napropaganda vivemos uma
grande mudança. Os meios de
comunicaçãoestãomudandomuito.
Em termos de liberdade de ex-
pressão, estamos diante do “poli-
ticamente correto” que, paramim, é
um problema, por ser uma
radicalização. Temos também coisas
que chamo de “clusters” – concen-
tração de pessoas com interesses
próximosequeexercemsuapressão.
Temaver comoque foi faladoaqui.
A propaganda tem um telhadomais
fácil de receber a pedrada do que o
jornal. Então, esses
clusters
–embora
sejam uma forma democrática de se
expressar – também representam
algo, não antidemocrático, mas que
distorce um pouco a realidade.
Algunsgrupossãopequenos,mas tão
unidos, que fazem um barulho
enorme. Concordo que o país está
melhorando. Outra coisa de que se
falou éo consumomaior das classes
populares. Há até esforços de
oferecercréditoparaelas,atémesmo
sem domicílio bancário. Vejo um
período de grande transformação,
com otimismo. E também o anun-
ciante e a agência têmdeparar com
aquela coisa de querer agradar a
todo o mundo, “não falemmal de
mim porque sou bonzinho”. Não,
vamos escolher os públicos. Quero
falar com tal públicoevou falar, vou
me dirigir a ele, e quem não gostar
que me jogue pedra e não compre
meu produto. A mídia diversificou-
se,veiculava-seem trêsmídias,enão
émais assim.Oque tambémnos dá
uma liberdade maior, menos
concentração – seja de mídia, seja
do poder de anunciante. Vamos ser
mais inteligentes para selecionar
nossos veículos. O país, a propa-
ganda, e tudo o mais podem dar
vários passos à frente.
MARCO ANTONIO
– Tenho o
mesmopontodevista.Apesardeuma
corrupção que, na verdade, é uma
metástase, porque atinge todos os
poderesdaRepública, apesar denão
vivermos uma verdadeira demo-
cracia social, a democracia – ainda
que formal – tem esse mérito, pois
estamos tendo conhecimento de
questões –que se sabiadaexistência
mas que não se somavam à
consciência da população – através
dosmeiosdecomunicaçãoqueestão
mais amplos e fortes. As instituições,
inclusive, estão tomando provi-
dências com relação a pessoas que
contrariavam os interesses da
maioria da população brasileira. Ou
seja, ainda não descobriram um
regimemelhordoqueademocracia.
Devemos investir nisso e tentar
cumprir o nosso papel, na medida
“TEMOSDEFAZERDOPAÍS
TODOUMPRIMEIRO
MUNDO.”
“APROPAGANDA
COMEÇAA INSERIR-SE
NADIMENSÃOMAIOR
DOPAÍS.”
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