Pensamento estratégico
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Revista da ESPM
| julho/agostode 2013
qualidade e a escola continuaram os mesmos. Se a
escola não muda, torna-se um entrave ao desenvol-
vimento. Há uma evidente crise de gestão na escola
brasileira.
Em
Galileu, Galilei
, BertholdBrecht diz: “Veja, algodifí-
cil de entender: umprofessor que quer aprender”. Contra-
riando a afirmaçãodo famoso escritor alemão, estou con-
vencido de que os professores são tambémvítimas dessa
cultura utilitarista-pragmática, semalma.
A redescoberta da escola que educa e integra exige
encarar os erros que carregamos como herança da for-
mação “preparatória de vestibular” ou de “especialis-
tas tecnocratas e individualistas”. O “vencer-vencer” é
frustrante e arrasador, não dialoga com a dinâmica da
vida. Escolas são organizações socioeducacionais. Aboa
escola não é a que proporciona tão somente o ensino
de habilidades para o mercado, mas a que torna essas
qualificações competência
à convivência harmoniosa,
produtiva e feliz
.
O aluno pressionado ao rendimento compulsivo, do
qual resultaoacúmulode informações compoucoconhe-
cimento efetivo, é incapaz de amadurecer no processo,
porquenãoadquire sabedoria aoaplicar. Oalunocompul-
sivo torna-se depositário de informações, não do saber.
Henry Ford, emseu livro
Minha vida, minha obra
(Edi-
tora Livraria Freitas Bastos, 1967), conta a frustração do
indiano ao voltar à sua pátria, depois de concluído seus
estudosna Inglaterra: “Cursei asmelhores universidades,
investi muito emminha preparação e agora estou aqui,
de mãos vazias, sem saber o que fazer pelo meu povo”.
Esse é umbelo exemplo do ensino que forma o profissio-
nal, semdesenvolver o pensador estratégico. Aeducação
desenvolve a pessoa para a vida, para a sociedade e para
o trabalho, simultaneamente.
Acompetênciada escolafirma-sena visãoe açãoestra-
tégica com foco na plena valorização da pessoa, consi-
derada em todo o seu universo relacional: professores,
orientadores, família, trabalho, comunidade.
A incompetência camuflada emexteriorizações buro-
cráticas de poder e de intitulações acadêmicas formais
é fonte de injustiças e infelicidade. Só a competência,
aliada à liderança integrada e à motivação, é constru-
tiva, pois gera sinergia, produtividade e melhores con-
dições de vida.
Uma escola competente integra lideranças, compe-
tências emotivações. Cria uma cultura de participação
e criatividade. Está aberta à comunidade, a intercâm-
bios enriquecedores, às vivências de situações-desafio.
É aquela escola “risonha e franca” de que fala o poeta. E
põe muita poesia nisso, pois sonho, beleza e felicidade
são fundamentais!
Nossa diretriz: pessoas em renovação, numa escola
em renovação contínua.
Francisco Gomes de Matos
Consultor empresarial e educacional, autor de 33 livros, ganhador do
Prêmio Jabuti e detentor da Ordem Nacional do Mérito do Trabalho
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