Janeiro_2009 - page 63

Máquinas ou
Pessoas?
janeiro
/
fevereiro
de
2009 – R e v i s t a d a E S P M
63
os defensores dessas teses e lhe
dizia: “A tecnologia, o processo,
ométodo, tudo isso foi criadopor
umamente humana; se você está
aí, de joelhos diante de todos es-
ses fatoresmateriais, deveria estar
prostradonochãodiantedamente
humana, porque foi ela que criou
tudo isso”. Na Xerox do Brasil e
em outras grandes empresas fora
dos EstadosUnidos, promovemos
uma firme resistência a pressões,
sempre adiávamos, dizíamos que
íamos implementar etc.; a voz do
consultor era a voz de Deus, era
impossível discordar, e a única
maneira de discordarmos era
através do sucesso local: nós
tínhamos os melhores resulta-
dos do mundo.
JRWP
– Por “nós”, você diz Xerox
do Brasil?
Carlos Salles
– As quatro. A
Xerox do Brasil tinha omelhor re-
sultado,mas as outras três também
eram fortes enósnos escudávamos
nos resultados para reagir contra
isso. Toda a nossa prática interna
degestão, liderançaeconduçãoda
empresaera fundamentadaempes-
soas, todoo restoeraconsequência
disso.Quandovejo jovensdizerem
“eu não confio na empresa, não
junto meu futuro ao da empresa,
não tenhonenhuma ligaçãoafetiva
comela”, ficoassustado.Achoque
consultores – queme infernizaram
a vida em 1991, 1992 – tiveram
sucesso: moldaram a cabeça de
uma juventudequepensaqueo ser
humano não é importante.
JRWP
–Uma realidadedestedebate
équeamédiade idadedos partici-
pantes é relativamente elevada...
Gracioso
– Mas eles enxergam
com isenção, nãocreioquea idade
tenha este peso na análise.
CarlosSalles
–Naépoca, o fato
de se gerenciar a empresa voltada
parapessoasnão implicavaemque
a regra da “antiguidade” e posto
funcionasse; aocontrário, tivedire-
tores emnível device-presidência,
que tinham 32 anos e a carreira
deles começava a ser planejada
dez anos antes, não acontecia,
simplesmente. Eu fui presidenteda
companhia com 49 anos e a tradi-
çãodaXeroxeradequeas pessoas
chegassem àquela posição aos 55,
58 anos. O jovem porque pode
ter mais energia, mais coragem,
mas tem de ser bem preparado; o
simples fato de ser jovem não bem
credencia ninguém, assim como o
simples fato de ser velho.
JRWP
– Temos as presenças de
empreendedores, menos ligados a
multinacionais: o Alex foi um dos
fundadores da Almap, uma das
maiores e melhores agências do
Brasil, e o Ricardo, que trabalhou
muitos anos em dois grandes gru-
pos, rigorosamente brasileiros – e
hoje tem a própria empresa. Qual
dos dois quer começar?
Ricardo
– Há realmente algum
risco de transformarmos isso num
atode saudosismo, jáqueatingimos
a certa idade, com razoável expe-
}
As empresas não devem
prescindir de pessoas inteligentes.
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