Revista daESPM – Julho/Agosto de 2002
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1) Introduçãoe
objetivosdeste
estudo
Esteestudonasceuda idéiadecom-
provar uma possível relação entre bom
ambiente de trabalho, em termos am-
plos e incluindo aspectos como remu-
neração e confiança na gestão, e
desempenho econômico de empresas.
De forma geral, concluímos que
empresas que oferecem um bom
ambiente de trabalho e são considera-
daspelos funcionárioscomosendoboas
empresas para se trabalhar apresentam
melhores resultados financeirosdoque
as outras empresas. Essa diferença é
mais significativa nos casos em que a
empresa atue em setores de atividade
econômicaqueexijammão-de-obra in-
tensiva, como serviços e tecnologia.
Em termos conceituais, se o objetivo
deumaempresaforodemaximizarovalor
para o acionista, então a alta gestão deve
atuar de forma a atingir esse objetivo nas
maisdiversasfrentes,incluindoobem-estar
de seus próprios funcionários. Porém, o
outro lado dessamoeda é que investir no
bem-estar dos funcionários somente faria
sentidoseesseinvestimentofosserevertido
em desempenho financeiro. Nesse ponto
doraciocínio,esbarramosnadificuldadede
sequantificaroefeitoeconômicodobem-
estar edeumbom ambientede trabalho e
esse tambéméumdosnossosobjetivos.
Ao longodenossasanálises, tornou-se
claroquepoderíamostestardiversasoutras
hipótesesalémdahipóteseoriginal. Dessa
forma, enveredamos por caminhos
variados,como,porexemplo,descobrirem
quais setores de atividade econômica o
impacto da motivação do funcionário
parecesermaior, investigara influênciado
controle acionário sobre a satisfação das
pessoas, verificar se existem diferenças
salariaissignificativasentreempresascom
nacionalidadesdiferentes, entreoutros.
Para concretizar estapesquisa, utili-
zamos duas bases de dados fornecidas
pela revista
Exame
, a das “500 Empre-
sas Maiores e Melhores de 2001” e as
“100MelhoresEmpresaspara seTraba-
lhar de 2001”. À base original das 500
empresasmaiores emelhores adiciona-
mos96empresasdos setoresbancárioe
de seguros. Optamos por essa inclusão
devidoao fatodevárias empresasdesse
setor figurarem entre as 100 melhores
empresas para se trabalhar. Dessa for-
ma, a nossa lista final possui 596 em-
presas. Destas, 56aparecemna listadas
melhores empresas para se trabalhar.
Em nosso estudo, iremos comparar
esse grupo de 56 empresas ora com as
outras 540 empresas da lista dasmaio-
res, ora com as outras 44 empresas da
listadas100melhorespara se trabalhar.
O grupo de comparação será
explicitado sempre que necessário, ao
longo do estudo.
2)Basededados
acionárioestrangeiroqueatuemnoBra-
sil) e, mais recentemente, começou
também a publicar a lista das 100
melhores empresaspara se trabalhar no
Brasil. Aprimeira listaémuito ricaem
termos de dados financeiros das
empresas, fornecendo informações
como vendas, crescimento nas vendas,
retorno sobre o patrimônio, número de
funcionários, riqueza criada, controle
acionário, entre outras.
A segunda lista fornece informações
de outra natureza, a saber, o quanto os
próprios funcionários estão satisfeitos
comas empresas em termosde remune-
ração, benefícios, oportunidadesdecar-
reira, ambiente de trabalho etc. Além
disso, a base de dados também fornece
informações sobre níveis salariais da
gerência e de cargos operacionais, nú-
merode funcionáriose funcionárioscom
nível superior, funcionárioscommaisde
45 anos de idade e funcionários com
mais de dez anos de empresa. Todos
esses dados nos permitem traçar com-
parações bastante interessantes, e esta-
tisticamente válidas, sobre as empresas
brasileiras (com ou sem controle
acionário brasileiro). A tabela a seguir
fornece uma visão geral das empresas
contidas nas duas listas.
utilizada
Anualmente, a
Exame
publicaa lista
das 500 maiores empresas brasileiras
(incluindo empresas de controle