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Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
está fazendo aquilo com uma pro-
postapolítica, estiverengajadopoli-
ticamente. Aí ele deixa de ser pro-
fissional epassaa ser político. E se
ele achar que aquilo que ele faz
independe do processo político, vai
dizer: “Bom, estou cumprindo com
a minha função, porque se eu não
desempenhar o meu papel de mo-
torista, haverá outro”.
Stalimir
– O profissional antecede
o cidadão.
Emmanuel
–Aopçãoédoprofissio-
nal queestáprestandoum serviço.
Stalimir
– Tudo bem. Mas qual é a
primeira condiçãodapessoa?Você
é, primeiro, cidadão ou, primeiro,
você é profissional? Essa é uma
questão em que se tem de pensar.
Emmanuel
– A decisão é de cada
um. Você não pode exigir das pes-
soas amesma coerência ética que
você tem.
JR
– Mas estamos discutindo aqui
em tese.
Stalimir
–Enemestouquerendoser
maniqueísta.
Emmanuel
–Já trabalhei emvárias
campanhas e acreditei em todas
elas – votei nos candidatos para os
quais estava trabalhando. Arrepen-
di-me umas quatro ou cinco vezes.
Mas não acreditava – em nenhuma
delas–queomeu trabalhoerapolí-
tico. Sempre acreditei profissional-
mente no meu trabalho. E não tra-
balharia para alguns políticos nos
quais acredito. Comonão seria téc-
nico doPalmeiras.
FG
–Ao invésdeobrigarosprofissi-
onais a acreditar ou não no candi-
dato que defendem, a pergunta po-
deria ser: “É lícito mentir em cam-
panhaconscientemente?”Achoque
esseéoverdadeiroproblemaético.
Stalimir
– Mas o profissional não
“Oque,àsvezes,
achamosnãoser
verdadeéanossa
interpretaçãodo
fato.”