Maio_2002 - page 89

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Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
Stalimir
–Masomarketingcomeça
antes; começanopartidoquandoele
começa a disputar profissionais da
política. “Ah! Esse tem mais voto,
temmaispressão”. Ospartidosdis-
putam os candidatos; eles querem
tê-lonoseupartido independentede
como pensa.
Emmanuel
– Disputam competên-
cias, é claro, como qualquer outro
contratadordeserviços.Elesprocu-
ram, provavelmente, o melhor pro-
fissional de marketing; eles procu-
ramomelhordesempenhodecomí-
cio, omelhor líder da câmara, ome-
lhor captador de dinheiro, o melhor
sujeitoque fazescuta telefônica. En-
fim, elesprocuramosmelhores.
JR
– Tudo bem. Mas se todos os
partidos fizerem isso, não vamos
acabar sem ideologias?
Stalimir
–Achoque jáacabou; não
temosmais nenhuma.
Emmanuel
–Senão temos, não foi
por causa domarketing.
JR
– Não podemos de-
fender duas posições ao
mesmo tempo.Alguémde-
fendequeoPTnão tem ide-
ologia?
Stalimir
– A culpa não é do
marketing.Omarketingocupouum
espaçoquea faltade ideologiadei-
xou.
Elysio
– Quem inventou o fim das
utopias não foi omarketing. O que
a gente faz com
advertising
é con-
duzir demandas para o candidato,
e não criar demanda primária.
JR
– Vamos inverter a questão. Se
ospartidosnão têmmuita forma ide-
ológica, comoéque ficado ladode
cá–do ladodoprofissional?Lem-
bra-sedeque ficou famosoum
episódioemqueaquelemoço,
que trabalhavanaMPM, foide-
signadopara trabalharnuma
campanha do general
Figueiredo, o Liber
Mateucci, nãoquis.
Elysio
– Fui eu
quem o demitiu,
por sinal.
JR
– Quero ci-
tar, simbolica-
mente.
Elysio
–Mas deixe-me recompor a
história. Ele disse que não ia traba-
lhar sem que ninguém tivesse pedi-
doaelepara fazer nada. Issoéque
éomaisengraçado. Eledisse: “Não
vou fazer uma coisa” que ninguém
pediu para ele fazer.
JR
–Aí queestá. Vocêestá falando
da
persona
e, em comunicação, a
persona
é importantíssima. A histó-
riaque correu foi: ele foi chamadoe
disseramparaele: “Você vai fazer a
campanha do general Figueiredo”.
Eledisse: “Não faço”. Eaí disseram
para ele que se ele não fizesse ele
seriademitido. “Então,medemitam.”
Issoé interessantepelo seguinte. O
profissional pode, deve trabalhar
para um partido, para um candidato
emquemele, pessoalmente, nãovai
votar; não acredite?
Emmanuel
–Vouacrescentaràper-
gunta.Omédicopode tratar depes-
soas em quem ele não acredita? O
eletricistapodeconsertaruma toma-
da de um partido que ele não acre-
dita?Pode sim.
Marcelo
– Nem tanto ao mar nem
tanto à terra.
Emmanuel
–Euprovoquei, colocan-
do alguns disparates. Mas, obvia-
mente, qualquer profissional usa o
seu saber – e ele sabe exatamente
paraque serveo saber queele tem,
paraque serveautilidadedaprofis-
são que elemaneja commaestria –
em funçãodealgunsbenefíciosque
ele vai prestar à pessoa que o está
contratando. Ele sabe exatamente
qual podesero resultadodoseu tra-
balho. Volto aosmeus exemplos hi-
potéticos. Omédico sabe que salva
apessoaeadeixa viva; oeletricista
sabe que deixa a casa ou o escritó-
rio funcionando e o motorista sabe
que levaumcarrodeum ladoparao
outro. Elepode ter opções, em rela-
çãoaesse tratamento: seachar que
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