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Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
soasdizerem: “Vocêquercoisamais
democrática do que isso?O sujeito
ouveali nahoraoqueopovoacha.”
Stalimir
–Euachoqueagrandede-
formação está em que a regra parte
do princípio que o negócio é sério,
honesto. Então, a gente faz uma re-
grademocrática, dáoespaço, partin-
do do princípio que política é um ne-
góciosério,honesto.Senãoésérioe
nemhonesto,estamosperdendonos-
so tempo.
Marcelo
–O fato é que temos con-
ceitos políticos que vêm desde o
Sócrates, e passam pelos séculos
XVIII, XIX–enós vivemosno sécu-
loda comunicaçãodemassa. E co-
municação de massa custa caro.
Independentemente se você está
vendendo água, caneta, conceito,
idéia, gente etc.Acho que o grande
problema não resolvido em todo
esse debate é: como é que a gente
pega todos aqueles conceitos, que
vêm desde lá de trás, e aplica-os
numcontextoqueécompletamente
diferente hoje. Quer dizer, a mídia
defineonossoséculo, defineanos-
sa forma social.
JR
– Acho que podemos retomar o
que oGracioso trouxe há pouco, de
queomarketingpolítico, osmeiosde
comunicação, toda essa tecnologia
estaria alienando os eleitores jovens
–porquesesentiriam impotentespara
influenciar oprocesso.
FG
–Nãoseria isso.Achoqueoque
aquelapessoa tinhaemmenteéque
o horário eleitoral permite aos can-
didatos fazermuitaspromessasque
não são cumpridas, e os eleitores
acabam se desiludindo, acabam se
decepcionando e se alienando.
Elysio
– Mas as promessas são a
essênciadaeleição; nãoháeleição
sem promessa.
Stalimir
–Oproblemaé fazer a cul-
turadoeleitor apartir deumprogra-
made televisão.Então,oeleitoréum
alienado; a grande massa não tem
cultura, não tem base, consistência
e vai formar a sua opinião a partir
de um programa produzido,
maquiadoemqueodiscursovai
ser feitodeacordocomascon-
veniências e indicações das
pesquisas.Querdizer,não tem
nenhumasinceridade,não tem
nenhuma verdade.
JR
–Masexisteconcorrência.
Stalimir
–Concordo.Aconcor-
rência entre a competência de
quem é capaz de enganar com
mais habilidade.
Emmanuel
– Acho que não é tão
dramático.
Stalimir
– Não estou aqui como
donodaverdade,masporqueoLula
–dirigidopor ummarqueteiro– tem
umacabeça, e–dirigidopor outro–
temoutra cabeça?Qual éoLulade
verdade?OLuladoDudaouoLula
de antes?
Marcelo
–Acabeçaéamesma. Só
quevocê joga luzemcimadedeter-
minados pensamentos e esquece
outros.