Maio_2002 - page 83

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Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
meio, como televisão é um outro. É
ummeio; nãoégratuitomasháuma
regra da JustiçaEleitoral de ocupa-
ção, porque, senão, você poderia
fechar todos os
outdoors
como po-
deria fechar a televisão.
Emmanuel
– Deixe-me dizer por
quenãodápara responderassimde
bate-pronto. Porque, se você fala
para tirar o horário gratuito e não
coloca nada no lugar, eu sou con-
tra. Na gênese do horário gratuito
estámais uma vez a ignorância do
marketing.Ou seja, quandoaspes-
soas imaginaram a distribuição do
horário,não tinhamamenor idéiado
que é o poder da televisão.
JR
–Vocêdizaspessoasquedeci-
diram isso em Brasília? O legisla-
dor?
Emmanuel
– O legislador não en-
tendenadademassa–emuitome-
nosdemídia–, porqueo volumedo
tempodisponível excedeaqualquer
necessidade demarketing de qual-
quer marca. É excessivo. Se exis-
tisse uma outra opção para o horá-
riogratuito, vocêacabaria comdois
problemas, porque também não
existe campanhanoBrasil que siga
a legislação do ponto de vista das
suascontas.Prestaçãodecontasdo
Tribunal é uma farsa conhecida, e
só nós, que entendemos de
marketing, sabemos que você não
pode fazerumacampanhapresiden-
cial e gastar 40 mil reais, que é o
que gastou o Fernando Henrique
Cardoso, de pesquisa. Você não
pode fazerumprogramadaquelepor
300 mil reais. Então, a gente sabe
queaquiloéuma farsa.Nãosódele
mas todas as campanhas.
Elysio
– E se arrecadar
R$1.350.000,00?
Emmanuel
– Precisa muito mais.
Isso dura uma semana, numa cam-
panha presidencial. Todo mundo
sabe disso. O que precisa é de um
financiamentopúblicodecampanha
através de um sistema de
representatividade, quedêchances
aospartidosque tenham real densi-
dade política. Porque outro proble-
madohorárioeleitoral gratuitoéque
você dá voz e palanque a pessoas
que não têm a menor represen-
tatividade.Sãoverbaspúblicas,para
financiar campanhapolíticaque, au-
tomaticamente, compram os espa-
ços na televisão.
JR
–Como verba pública?
Emmanuel
–Públicadecampanha.
Quer dizer, acaba com o doador –
proíbe a doação. Como é feito em
vários países.
Elysio
–NaAlemanha.
JR
–Mas, naAlemanha, caiuoKohl
por causa disso.
Emmanuel
–Mas vai continuar ha-
vendo corrupção aqui noBrasil.
JR
–Sósechamadecorrupçãopor
causa da legislação. Nos Estados
Unidos, ondeadoaçãoaopartidoé
permitida e aberta a uma empresa,
a uma instituição, não é desonesto.
Emmanuel
–Existeumsistemamis-
to. Na verdade, os donos do tempo
eleitoral no Brasil são os partidos,
quenegociam issoabertamente,po-
liticamente, e negociam no merca-
do de balcão com dinheiro. Os de-
putados que você acha que podem
ter voz e que, por causa disso, não
têm, porque só o candidatomajori-
tário temvoz.Então, você teriaoho-
ráriopolítico, cria-seo financiamen-
to público de campanha e o partido
vai compraroespaço.Assim, elevai
comprar bem e vai usar bem.
JR
– Isso está interessante, mas
está fugindoumpoucodanossa in-
tenção, queéa seguinte: aexistên-
ciadessehoráriocontribuiuparaque
se formasse mais rapidamente um
mercado de trabalho?
Stalimir
–Comcerteza.Odebateé
ograndemomentodohoráriopolíti-
co, vamos dizer assim.
Marcelo
–A repercussãododebate
nos programas não é importante,
Stalimir – o debate em si. É aquela
coisa do fato e da versão do fato.
Stalimir
–Maseuachoqueodeba-
te é uma oportunidade do sujeito
reagir às circunstâncias.
Marcelo
– Em 1996, na eleição do
Pitta,nodebateemqueparticiparam
o Pitta e a Luiza Erundina, o Duda
tinhauma “amostradeeleitores”as-
sistindo ao debate, em uma sala
contígua, com aquele aparelho que
vocêgiravadeum ladoparaooutro
para responder: “Se gostou do que
eledisse, giraparaadireita; senão
gostou, gira para a esquerda”. No
intervalo, ele já sabia: “repete aqui-
lo; faz ela falar mais nisso”. Já ouvi
pessoas dizeremque issoéumab-
surdo, uma subversãodademocra-
cia.Mas, jáouvi tambémoutraspes-
“Justamente,o
grandeproblema
doBrasiléquese
fazsómarketing
eleitoralenãose
fazmarketing
político.”
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