Julho_2006 - page 50

José
Predebon
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M A I O
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J U N H O
D E
2 0 0 6 – R E V I S T A D A E S PM
INTRODUÇÃO
É útilmostrar aqui, antecipadamen-
te, a linha de conteúdo que este
texto defende, para que os leitores
o recebam com a consciência de
como a matéria se posiciona em
relação à sua opinião pessoal.
O texto focaliza a inovação, e por
isso tocano temamudança, quees-
tá no âmago do problema. A pri-
meira parte analisa as raízes do as-
sunto e, ao longo da segunda e da
terceira partes, comenta como a
inovação deve ser procurada e uti-
lizada como insumo da produção,
como ferramenta da gestão e como
fonte de diferenciais competitivos.
Contudo, a procura deve obedecer
aobom-sensodequem sabeque tu-
do em excesso é prejudicial, e este
ponto, para mim, ganha impor-
tância ao vermos como a atual
busca da inovação torna-se radical.
Sugiro que uma corrida em direção
ao novo, a qualquer preço e sem
qualquer baliza, tem sido perigosa
e acarretado problemas. Por isso, é
preciso, hoje, cultivar uma nova
óticada inovação, que jáprevalece
entremuitos gestoresmodernos – a
visão de que ela deve subordinar-
seàspráticasdepuradasdeummar-
keting socialmente responsável.
Ao falar dos ganhos advindos de
uma inovação racional, filhadeum
marketing responsável, sugiro que
oque está acontecendo atualmente
nos permite ter um olhar otimista
para o futuro. Desde que todos nós
defendamos o que chamo de idade
da razão da inovação.
ASRAÍZES
HERÁCLITOEA
CONSCIÊNCIADA
INOVAÇÃOEMUDANÇA
Os budistas afirmam que a única
coisa que não muda no mundo é
que o mundo está sempre emmu-
dança. Heráclito observou, cha-
mando a atenção para essa reno-
vação permanente de tudo: nunca
mebanhonomesmo rio, disse, afir-
mando que a água era sempre ou-
tra. Percebe-se que a cultura antiga
já observava a perenidade e a im-
portância da transformação, idéia
que se vê em poesia de Lucrécio
(ver quadro1). As religiões também
adotaram a visão da mudança na
transitoriedade, lembrando-nos que
somos feitos do pó e ao pó sempre
voltamos. Mas os seus cultos, ao
se tornarem adultos, cristalizavam
os valores e tornavam-se extrema-
mente conservadores, repudiando
mudanças, valorizando tradições.
Osbudistasafirmam
queaúnicacoisaque
nãomuda nomundo é
queomundoestá
sempreemmudança.
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“Nuncamebanhonomesmo
rio”, dizHeráclito, afirmandoque
a água era sempre outra.
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