Julho_2006 - page 43

Ozires
Silva
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M A I O
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J U N H O
D E
2 0 0 6 – R E V I S T A D A E S PM
portância no processo produtivo
mundial, numa competição global,
que ninguém vai deter. O consu-
midor, hoje, émundial equer novi-
dades. Quem estiver no mercado
sem capacidade de tentar antecipar
as necessidades do consumidor de
modo a preenchê-las, está fadado
a desaparecer do mercado. Para
isso, nada tem a ver a idade: uma
companhia como aGeneral Eletric,
estácompletando127anos, absolu-
tamente moderna.
JR
–Eoutra “general”–aGeneralMo-
tors–perdendoobondedahistória.
OZIRES
– Porque não acompa-
nhou as tendências do pensamento
futuro. Para mim foi uma surpresa,
pois não sei como uma montadora
japonesapodeprojetar –com todas
as dificuldades que enfrentam –
carros melhores do que os nossos.
JR
–OSr. éumapessoaquepensou
muitas dessas coisas antes deoutras
pessoas –éum precursor.Oque fez
com que o Sr. tivesse esse tipo de
visão precoce, no Brasil?
OZIRES
– Nasci em Bauru, no in-
terior do estadode SP, eme lembro
de duas ou três pessoas, desde que
comecei a me entender como
gente, que eram visionários – cria-
ram para mim as condições para
que essas visões pudessem se trans-
formar em realidade. Mais tarde,
quando me tornei engenheiro da
Aeronáutica, percebi, claramente,
que tinha de pensar pelomenos 10
anos à frente, porque era o tempo
requerido para conceber, projetar,
desenvolver e fabricar aviões. Era
preciso imaginar comoopassageiro
iria querer voar 10 anos na frente.
Se nós, aqui, decidíssemos fabricar
um avião, teríamos de pensar no
mundo de 2016. Sempre estimulei
meupessoal–usandoosparâmetros
disponíveis no momento – a exce-
der as possíveis tendências. Isso a-
conteceu muitas vezes, mas, em
1991, quando a Embraer estava
numa crise profunda, decidi lutar
pela privatização da companhia,
mas sabia que não podia entregar
a companhia ao setor privado sem
um produto que pudesse cruzar o
ano2000com sucesso. E, em1991,
criamos um avião que elevou a
Embraer. No ano 2000, a Embraer
teve sucesso exatamente com
aquele avião a jato de 50 lugares,
oRJ 145, conhecidonoBrasil como
Jetclass. E digo, com orgulho, que
o milésimo exemplar deve ser
entregue ao mercado este ano. Em
transporte aéreo comercial, ele só
perde para o 737 da Boeing. É o
segundo avião mais vendido do
mundo. O avião pequeno é que
responde ao desejo do consumidor
de voar para seu destino, na calma
que quiser, pois avião grande não
voa para qualquer destino. Esse
pensamento estratégico criou uma
cultura na Embraer.
HIRAN
– Hoje muito se fala da
importância do desenvolvimento
sustentável tanto do ponto de vista
ambiental quantodopontode vista
econômico e social. Que rumo
deveria tomar o Brasil, num con-
texto como esse?
“ERAPRECISO IMAGINARCOMOO
PASSAGEIRO IRIAQUERERVOAR10ANOSNAFRENTE.”
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