Julho_2006 - page 45

Ozires
Silva
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M A I O
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J U N H O
D E
2 0 0 6 – R E V I S T A D A E S PM
JR
– Alguém disse que não há paí-
ses desenvolvidos e atrasados; há
países que planejam e os que não
planejam.
OZIRES
– Concordo. Estive com Ja-
mes Hunter recentemente, quando
fomos co-palestrantes num evento
no Paraná, e ele disse algo queme
fez refletir: “a diferença signifi-
cativa de um país desenvolvido
para um que não é, é que no país
desenvolvido a legislação é fle-
xível e de cumprimento rígido; no
país em desenvolvimento, a
legislação é rígida, com cum-
primento flexível”. Então, temos
diferenças que podem ser modi-
ficadas. No caso da Embraer, cu-
nhei uma cultura de trabalho, den-
tro da companhia, que a está le-
vando ao sucesso – o que mostra
que, se uma cultura dessa natureza
for colocada em termos de país,
poderemos ter uma grande modifi-
cação. EudigoqueoBrasil nãodeu
certo porque ele não está respon-
dendo, hoje, às expectativas dos
brasileiros.Dandoumexemplodra-
mático, se eu tivesse nascido fora
do Brasil, eu poderia chegar aqui,
olhar no seuolho e dizer: você não
tem vergonhade fazer umpovo tão
pobre como tem feito?
JR
– Será que omundo não está di-
zendo isso, de certa maneira?
OZIRES
– Pior do que isso: omun-
do não está nem levando isso em
consideração; acha que o Brasil é
negligenciável. Li, recentemente,
um livro extraordinário –
Cuentos
Chinos
– do Andrés Oppenheimer,
um argentino radicado nos Estados
Unidos,que trabalhanaCNNemo-
ra nos Estados Unidos. O livro dele
tem coisas de deixar-nos de cabelo
em pé. Ele relata que, na área de
defesa dos EUA, eles dizem pura e
simplesmente: “Se tudo continuar
como está, em 2020 o mundo será
mais asiático do que americano”. E
“a síndrome de que o mundo está
empobrecendoémentira;quemestá
empobrecendo é a América Latina,
que está sendo africanizada pelas
forças das lideranças que temos
aqui. Em conseqüência disso, nos
próximos 20 anos, aAmérica Latina
não deve tomar o nosso tempo”.
JR
– E comopodemos fazer umpla-
no nacional em cima desse tipo de
realidade?
OZIRES
– Recentemente, partici-
pei de um seminário da HSM e,
quando conversava com oMichael
Porter, ele me perguntou: “Vocês
não têm um projeto de nação?”
“OBRASILAPARECENOMERCADO INTERNACIONAL
COMOUMANOTORIEDADEENÃOUMAMARCA.”
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