Quandoos valores fazemadiferença
R E V I S T A D A E S P M –
março
/
abril
de
2010
32
Podetambémdesestimulariniciativas, inovações
eempreendedorismo, forças indispensáveispara
aevoluçãodosnegóciosedacompetitividade.
Emboramuitasempresassejamacusadasdeque
osseusvaloressãomeros instrumentosdemar
keting, não se pode simplesmente generalizar.
São infindáveis os relatos da enorme frustração
dedirigentesquandoconstatamqueosvaloresse
perdemnasengrenagensdesuaempresa.
Émuito duro reconhecer que, apesar de todo o
esforço feito,osdesviosparecem inevitáveise in-
termináveis, taiscomomaus tratosrecebidospor
clientes, injustiçascometidascomcolaboradores,
conflitosde interesseeproblemasqueficamsem
soluçãopormuitotempo,semquealguémsesinta
responsávelpara resolver.
Assim, aquestãoésaberoporquêqueemalgu-
mas empresasos valores se tornam forças vivas
eemoutrasnão.
Por quemuitosplanosde
implantaçãode valores
fracassam?
Quandoaempresaécriada,énaturalqueosvalores
dofundadoroudeseussóciosacabemsendooali-
cercequedáorigemàculturadaempresa.Enquanto
elaépequenaficamaisfácildisseminaressesvalores
àsnovaspessoascontratadas.
Nocomeço,liderançaeculturacaminhamjuntas,de
forma indissociável,mas,àmedidaqueaempresa
cresce,háanecessidadedesecriarprocessospara
queaculturasejaentendida,aceitaepraticadapelos
novos integrantes.
Muitasvezes,demora-separase reconhecerquea
empresaalcançouumgraudecomplexidadequede-
manda taisprocessos,porqueosprópriossistemas
decomunicação, baseadosna linhadegestãoena
informalidade,setornaminsuficientesparasinalizar
osdesvios instalados.
Emalgunscasos,contribuipara issoociclodevida
dofundador.Quandoerajovemeaempresapeque-
na, tudo eramais fácil. Agoragrande e complexa,
Em certos casos, é evidente a falta de coerência
entreoquesedizesefaz.Porexemplo,afirma-se
queoclienteéocompromissonúmeroumdaem-
presa,oquenãocorrespondecomasreclamações
reiteradasdeclientes,denunciadaspelaimprensa.
A faltade consistência entreodiscurso e aprá-
tica dos valores tem aparecido com frequência
tambémnaspesquisascomoscolaboradoresdas
empresas. Tal viésacentuaobaixonível de con-
fiançadasequipesnosseus líderesenaempresa,
que se transformaemuma fontede insatisfação
internaeemperdade talentos.
Buscando sobreviver num contexto em que as
decisões e ações se contradizem aos valores, as
pessoas desenvolvem comportamentos adapta-
tivos. Por exemplo, descobrem que representar,
dissimular e omitir pode ser mais conveniente
doqueassumiro riscode falar averdade. Levar
boasnotíciasevoltarcomelogiosémelhordoque
expordúvidase falardas fragilidades.
Num ambiente dissimulado, a empresa pode
perdersuacapacidadedediagnosticarproblemas
edeadotarmedidas corretivas em tempohábil.
No começo, liderança e cultura cami-
nham juntas, de forma indissociável,mas,
à medida em que a empresa cresce,
háanecessidadedesecriar processos
para que a cultura seja entendida.
ChristofferVittrupNielsen